- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 7 , AGOSTO 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (6) um decreto que impõe uma tarifa adicional de 25% sobre produtos importados da Índia, elevando o total de tarifas contra o importante parceiro comercial para 50%, informou a Casa Branca. A medida ocorre poucas horas após negociações entre EUA e Rússia sobre a guerra na Ucrânia não apresentarem avanços significativos.
Com essa sobretaxa, a Índia passa a ter a mesma taxa aplicada ao Brasil, tornando-se os dois países com as maiores tarifas impostas pelos EUA. Ambos são membros fundadores dos Brics, ao lado da China e Rússia. A balança comercial entre EUA e Índia está atualmente favorável à Índia, que registrou superávit de US$ 45,7 bilhões em 2024.
“Constato que o governo da Índia está atualmente importando petróleo da Federação Russa, direta ou indiretamente. Assim sendo, e em conformidade com a legislação aplicável, os artigos provenientes da Índia importados para o território aduaneiro dos Estados Unidos estarão sujeitos a uma alíquota adicional ad valorem de 25%”, afirma o decreto executivo assinado por Trump e divulgado pela Casa Branca.
A nova tarifa, que será somada a uma sobretaxa específica de 25% por país — prevista para entrar em vigor nesta quinta-feira (7) — terá início em 21 dias a partir da publicação do decreto.
Uso político das tarifas
Esta é a segunda vez que o presidente americano utiliza motivos políticos para justificar aumentos tarifários. A primeira ocorreu no caso do Brasil. Na terça-feira (5), ao anunciar a elevação da taxa sobre produtos indianos, Trump acusou a Índia de “alimentar a máquina de guerra” ao comprar petróleo russo, ignorando as mortes na Ucrânia.
No caso brasileiro, a sobretaxa de 50% — que passou a valer nesta quarta-feira — foi justificada pela administração Trump devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e ações judiciais brasileiras contra grandes empresas de tecnologia, consideradas pelo governo americano como atentatórias à liberdade de expressão.
Na semana passada, Trump já havia surpreendido Nova Délhi ao anunciar uma tarifa de 25% sobre importações indianas, após meses de negociações. O presidente acusou o governo do primeiro-ministro Narendra Modi de dificultar o acesso de produtos americanos ao mercado indiano e criticou a participação da Índia no bloco dos Brics.
Além disso, Trump expressou frustração com o presidente russo Vladimir Putin, uma vez que as tentativas de negociar uma trégua na Ucrânia avançaram pouco. O republicano estipulou um prazo até 8 de agosto para que Moscou concorde com um cessar-fogo, sob ameaça de novas sanções, e advertiu seus parceiros comerciais sobre a aplicação de tarifas secundárias para desencorajar a compra de energia russa.
O Kremlin informou que a reunião realizada nesta quarta-feira entre Putin e o enviado dos EUA, Steve Witkoff, resultou apenas em uma troca de “sinais”. Segundo o assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, os encontros foram “úteis e construtivos”, abordando também as perspectivas das relações bilaterais entre Rússia e EUA. Moscou aguarda o retorno de Witkoff aos Estados Unidos para mais comentários.
Antes das conversas, Trump indicou que pretende aplicar tarifas adicionais a outros países, incluindo a China, que, assim como a Índia, continua a comprar energia da Rússia.
“Nós vamos fazer bastante disso. Vamos ver o que acontece nos próximos dias ou semanas”, afirmou o presidente americano à imprensa.
Aliados da Ucrânia criticam a continuidade das compras de energia pela Índia, China e outros países, argumentando que essas transações sustentam a economia de Putin e enfraquecem a pressão internacional para o fim do conflito, que já se aproxima do quarto ano.