- CUIABÁ
- QUARTA-FEIRA, 13 , AGOSTO 2025
O deputado estadual Valdir Barranco (PT) criticou duramente a nova medida adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, afetando diretamente as exportações nacionais. Para o parlamentar, trata-se de uma manobra da extrema-direita norte-americana que busca interferir na soberania do Brasil e pressionar o Poder Judiciário, sob o pretexto de uma suposta perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A taxação entrou em vigor nesta quarta-feira (6), mas com exceção de cerca de 700 produtos, que foram isentados da sobretaxa. Entre eles estão itens como suco e polpa de laranja, minério de ferro, e peças e componentes de aeronaves civis, que impactam diretamente empresas como a Embraer. Barranco ironizou o recuo parcial de Trump: “Ele não deu conta de segurar isso”, disse.
Segundo o petista, os Estados Unidos tentam impor sua lógica institucional ao Brasil, ignorando que aqui os poderes são independentes e autônomos. “Trump está usando o tarifaço como uma arma, achando que as regras do Brasil são iguais às dos Estados Unidos – e não são. Lá, o presidente tem influência direta sobre promotores, juízes e xerifes, que são eleitos ou indicados politicamente. Aqui, isso não existe. O Judiciário brasileiro é independente e não pode ser pressionado por governos estrangeiros”, declarou.
Barranco também alertou para os efeitos econômicos da medida, especialmente sobre o setor cafeeiro, um dos mais atingidos. Para ele, diante do avanço do interesse da China sobre a produção brasileira, os Estados Unidos podem acabar perdendo espaço comercial. “Se esse café for redirecionado para outro país, os Estados Unidos não recuperam mais. Trump vai ter que recuar novamente e derrubar o tarifaço”, avaliou.
A escalada de tensão entre os dois países foi acentuada pela atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que atualmente se encontra nos Estados Unidos. Eduardo tem denunciado o que chama de “perseguição política” contra Jair Bolsonaro e teria influenciado Trump a se posicionar contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz uma ação penal contra o ex-presidente relacionada à suposta trama golpista para contestar a vitória de Lula (PT) nas eleições de 2022.
O episódio já provocou desgaste diplomático entre Brasil e Estados Unidos, incluindo sanções simbólicas a membros do Judiciário brasileiro, como o ministro Alexandre de Moraes, apontado por aliados de Bolsonaro como o principal responsável pela condução dos processos contra o ex-mandatário.