quinta-feira, 7 - agosto 2025 - 15:20

Promotor revela que mãe tentou soltar cachorros para salvar filhas de assassino


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O promotor de Justiça Luiz Fernando Rossi Pipino, responsável pela acusação contra Gilberto Rodrigues dos Anjos, réu  por matar Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e suas três filhas: Miliane, de 19, Manuela, de 13, e Melissa, de 10 anos, em novembro de 2023, no município de Sorriso (420 km ao norte de Cuiabá). O jurista foi o primeiro a falar após a retomada da sessão do Tribunal do Júri nesta quarta-feira (7).

 Em sua fala, o promotor destacou a coragem da mãe ao tentar salvar as filhas e descreveu a ação do acusado como premeditada e “diabólica”. Segundo ele, foi na cozinha que Cleci se deparou com o criminoso, onde travou uma luta desesperada pela própria vida. Ela teria tentado abrir a porta para que os cães entrassem ou para que os vizinhos ouvissem seus gritos de socorro. As filhas mais velhas, ao perceberem o ataque, ainda tentaram intervir e depois correram para a suíte, na tentativa de se proteger. Feridas, tentaram fugir pela janela, mas não conseguiram. Todas foram violentadas e assassinadas.

Rossi Pipino destacou que, após cometer os estupros e homicídios, Gilberto agiu com frieza: lavou o chinelo na cozinha e deixou o local tranquilamente, pelo mesmo caminho por onde entrou. Em sua apresentação aos jurados, o promotor exibiu fotos da casa e da obra vizinha, onde o réu trabalhava e dormia. Segundo ele, Gilberto observava a rotina das vítimas e estudou detalhadamente o local, esperando o momento exato para invadir. “Ele sabia onde estavam os cães, por onde entrar, qual janela usar. Ele planejou tudo com calma e executou com crueldade”, afirmou.

Durante a argumentação, o promotor exibiu imagens da cena do crime e da planta da residência, explicando como o réu entrou pela janela do lavabo após caminhar pelo muro. Uma das pegadas do chinelo de Gilberto ficou registrada sobre a tampa do vaso sanitário. Ao mostrar as imagens mais sensíveis, o promotor avisou previamente a família, e duas irmãs de Cleci deixaram a sala visivelmente emocionadas. Com uma das fotos, ele destacou que a mãe tentou fechar a porta da cozinha para impedir que o assassino chegasse até as filhas.

O promotor encerrou sua fala dirigindo-se à família e aos jurados, pedindo justiça pelas vítimas. Ele classificou o réu como “monstro de Sorriso” e afirmou que o caso representa uma “guerra entre o bem e o mal”. Com uma apresentação em PowerPoint, reiterou a tese de que os crimes foram friamente planejados. “O grito de justiça há de prevalecer”, disse Pipino, ao pedir que os jurados votem com consciência e coração, convictos de que o réu merece ser condenado pelos crimes bárbaros que cometeu.

O julgamento segue no Tribunal do Júri de Sorriso.

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