A cabeleireira Laura Kellys Bezerra da Cruz foi presa nesta terça-feira (19) na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCI), em Cuiabá. Ela é investigada por envolvimento na entrega de um envelope com R$ 10 mil, que teria sido enviado em nome do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador José Zuquim Nogueira, no último dia 12 de agosto.

De acordo com a Polícia Civil, Laura Kellys — moradora de Primavera do Leste, a 242 km de Cuiabá — apresentou-se espontaneamente à DRCI, onde prestou depoimento e teve um mandado de prisão cumprido. Ela agora aguarda audiência de custódia.

Relação com caso de homicídio

Laura é ex-esposa do policial militar Jackson Pereira Barbosa, preso desde abril deste ano, acusado de envolvimento no assassinato do advogado Renato Nery, ocorrido em julho de 2024. Conforme as investigações, Jackson teria atuado como intermediário entre os mandantes e os executores do crime.

Imagens e ligação com militar preso

Câmeras de segurança do Fórum de Cuiabá registraram o momento em que Laura Kellys passou pela inspeção ao lado do sargento Eduardo Soares de Moraes, da Rotam (Rondas Ostensivas Tático-Móvel). O militar foi preso no dia 14 de agosto, acusado de falsidade ideológica e associação criminosa no mesmo inquérito.

Eduardo alegou que apenas acompanhou Laura, a pedido de Jackson, seu colega de corporação, para entregar um envelope a um advogado. No entanto, ele foi flagrado entregando o pacote com Laura a um motorista de aplicativo no estacionamento do Fórum.

O passo a passo da entrega

Segundo a investigação, o motorista foi contratado por aplicativo para uma corrida no dia 12. Ao chegar ao ponto combinado, foi instruído a pegar um envelope com “Eduardo”, que seria o sargento. Às 18h19, ele enviou uma mensagem ao suposto contratante:

“Estou aqui. Com quem tenho que falar?”

A resposta veio de um número que se passava pelo desembargador Zuquim:

“Eduardo. Está no estacionamento.”

No local, o motorista encontrou Eduardo acompanhado de Laura Kellys, que entregaram o envelope. Em seguida, houve mais mensagens:

“Estou com a encomenda. Estou a caminho. Com quem devo deixar?”, perguntou o motorista às 18h27.

O suposto Zuquim respondeu pedindo que ele enviasse mensagem para outro número, já que o endereço de entrega estaria incorreto. O motorista, desconfiado do conteúdo, acionou a segurança do Tribunal de Justiça.

“Fala para a pessoa sair. Não posso passar meu contato por motivo de segurança”, alertou o motorista.

Na presença de um policial militar, o envelope foi aberto e constatou-se que continha R$ 10 mil em espécie.

Investigação em andamento

O caso segue sob investigação da Polícia Civil. As autoridades trabalham para esclarecer quem está por trás da tentativa de envolvimento do nome do presidente do TJ-MT e qual era o objetivo da entrega do dinheiro.