- CUIABÁ
- SEXTA-FEIRA, 12 , SETEMBRO 2025
Impulsionada pela recuperação da economia e pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a arrecadação federal alcançou R$ 254,2 bilhões em julho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (21) pela Receita Federal. O montante representa o maior valor já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1995, com crescimento real de 4,57% em relação a julho de 2024.
De janeiro a julho, o total arrecadado soma R$ 1,679 trilhão, um aumento de 4,41% acima da inflação na comparação com o mesmo período do ano passado — também um recorde para os sete primeiros meses do ano.
IOF e medidas pontuais impulsionam receita
Um dos principais fatores para o desempenho foi o crescimento da arrecadação com o IOF, que somou R$ 6,5 bilhões em julho, alta de 13,05% acima da inflação, representando R$ 756 milhões a mais que em julho de 2024. No acumulado do ano, a arrecadação com o tributo já chega a R$ 43,5 bilhões, aumento real de 9,42%.
Apesar da alta, a Receita destaca que o impacto do IOF em julho foi parcial, já que o decreto que elevou o tributo só foi restabelecido na segunda quinzena do mês. A medida foi alvo de disputa entre o Executivo, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, o STF validou o aumento, mas proibiu a cobrança retroativa e excluiu a incidência sobre o risco sacado, modalidade comum de antecipação de receita usada por empresas.
A expectativa do governo é que a elevação do IOF gere até R$ 12 bilhões adicionais em arrecadação neste ano.
Outros fatores que contribuíram para a arrecadação de julho:
Taxação de apostas online e loterias: R$ 928 milhões arrecadados;
Receita atípica: R$ 3 bilhões em IRPJ e CSLL de setores como mineração, petróleo e setor financeiro;
Arrecadação previdenciária: crescimento de 3,4% acima da inflação, impulsionado pela recuperação do emprego formal;
PIS/Cofins: aumento de 2,9% acima da inflação, reflexo do maior consumo de serviços.
O bom desempenho também é explicado por fatores macroeconômicos, como:
Massa salarial com crescimento real de 10,6%;
Importações em alta de 3,3% em dólares, ampliando a base de arrecadação.
Meta fiscal em foco
A equipe econômica avalia que a arrecadação robusta reforça a possibilidade de cumprir a meta de déficit zero estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para este ano. Apesar da previsão de um déficit permitido de até R$ 31 bilhões (0,25% do PIB), valores como os R$ 44,1 bilhões em precatórios são excluídos da conta oficial, facilitando o cumprimento formal da regra.
Para 2026, a meta será mais rigorosa: o governo deverá apresentar um superávit primário de 0,25% do PIB, equivalente a cerca de R$ 31 bilhões.
Contudo, o desempenho fiscal futuro dependerá da aprovação da medida provisória editada em junho, que prevê reforço na arrecadação de R$ 10,5 bilhões ainda este ano e R$ 20,87 bilhões em 2026. A MP foi enviada ao Congresso Nacional como forma de compensar a perda de receita após a retirada de partes do decreto que aumentou o IOF.