O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que convidará pessoalmente os presidentes dos outros oito países que compartilham a Floresta Amazônica para a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), em Manaus (AM), no próximo dia 9 de setembro. Lula destacou que a preservação ambiental também envolve o combate ao crime organizado, que inclui práticas como o garimpo ilegal.

A declaração foi feita durante sua participação no encontro de líderes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), em Bogotá, na Colômbia.

“O centro é fundamental para combater o garimpo ilegal, o narcotráfico, o contrabando de armas e outras atividades criminosas que afetam a nossa região”, afirmou o presidente. Ele também destacou a violência que destrói a floresta e prejudica as comunidades locais: “O povo amazônico merece viver livre da violência. A violência que destrói a floresta e envenena as águas, que afasta os indígenas de suas terras e os ribeirinhos de suas casas, que mata aqueles que lutam pela Amazônia, como Chico Mendes, Dorothy Stang, Bruno Pereira e Dom Phillips, entre outros”, acrescentou.

O Centro de Cooperação Policial Internacional

Iniciado em junho deste ano, o CCPI Amazônia visa enfrentar crimes transnacionais que afetam a região, como tráfico de drogas e crimes ambientais. O centro funcionará como um ponto de articulação entre as forças de segurança pública do Brasil e dos países vizinhos, facilitando o intercâmbio de informações e ações integradas para combater esses crimes.

Além disso, o CCPI contará com representantes dos estados da Amazônia Legal — Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins —, fortalecendo ainda mais a cooperação regional. A estrutura do centro inclui serviços de inteligência, divisões de operações e logística, sala de videomonitoramento, gabinete de crise e sala de imprensa, entre outros espaços para ações coordenadas.

A Floresta Amazônica abrange nove países — Brasil, Peru, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Guiana, Suriname, Equador e Guiana Francesa — com uma população de cerca de 50 milhões de habitantes e uma área de aproximadamente 6,74 milhões de km². Cerca de 60% dessa área está localizada no Brasil.

Violações de soberania e crítica aos EUA

Durante seu discurso, Lula também se referiu às ações do governo dos Estados Unidos, que enviou navios de guerra para a costa da Venezuela, com a justificativa de combater cartéis de drogas latino-americanos. O presidente brasileiro criticou essa postura, considerando-a um pretexto para a intervenção em países da região.

“Há muito tempo, os países ricos nos acusam de não cuidar da floresta. Aqueles que poluíram o planeta tentam impor modelos que não nos servem, utilizando a luta contra o desmatamento como justificativa para o protecionismo. O combate ao crime organizado está sendo usado como pretexto para violar nossa soberania”, afirmou Lula. Ele finalizou dizendo que é hora de mostrar ao mundo a verdadeira realidade da Amazônia, que não é apenas feita de árvores, mas também de pessoas que vivem e respiram a região todos os dias.