- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 2 , OUTUBRO 2025
A instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Feminicídio enfrenta resistência na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). Parlamentares da base governista temem que a investigação tenha reflexos políticos para o Executivo, e diante desse cenário já circula nos bastidores a possibilidade de a proposta ser desidratada e transformada em uma Mesa Técnica, instrumento com menor poder de fiscalização.
A mobilização pela CPI é liderada pelas deputadas Edna Sampaio (PT), Janaína Riva (MDB) e Sheila Klener (PSDB), que tentam sensibilizar colegas a assinarem o requerimento. O objetivo é investigar as causas institucionais da violência contra a mulher no estado e a responsabilidade do poder público diante do alto índice de feminicídios registrados em Mato Grosso.
Durante entrevista, Edna Sampaio afirmou que, apesar da resistência, é fundamental que a ALMT utilize os instrumentos disponíveis para colocar o tema no centro do debate público. “Se houver a retirada das assinaturas, vou ficar muito triste, porque o que pretendemos é uma ferramenta mais potente para aprofundar uma questão que incomoda a todos nós. Nossa intenção é defender a vida das mulheres e mostrar a responsabilidade do poder público em articular políticas efetivas”, declarou.
Estava marcada para a tarde desta terça-feira a audiência de abertura da CPI diante da “promessa” de 11 assinaturas, contudo, no decorrer da segunda-feira (25), 4 deputados sinalizaram retirar apoio. A conduta é atribuída a articulação do governo do Estado para evitar desgaste político diante de possíveis ataques da oposição.
Diante disso, Riva criticou a falta de engajamento de parte dos deputados em pautas relacionadas às mulheres. “Infelizmente, o ambiente masculino traz isso. Ele é meio seletivo com relação às suas indignações. E eu não estou falando aqui sobre nenhum deputado em específico, mas sobre todos, que quando se trata de temas que envolvem as mulheres, a grande maioria é omissa. Aqui na Assembleia vocês podem contar em quantas audiências tivemos deputados presentes: são pouquíssimos”, apontou.
A petista Edna Sampaio também ressaltou que a CPI não é contra o governo Mauro Mendes (União), mas sim sobre os números alarmantes. “Nós queremos compreender por que Mato Grosso continua sendo um dos estados com os maiores índices de feminicídio e cobrar a eficiência das políticas públicas, porque esse não é um problema de polícia, mas de Estado”, defendeu