sexta-feira, 12 - setembro 2025 - 18:03

Brasil dá exemplo de democracia aos EUA, diz New York Times


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Um artigo publicado nesta sexta-feira (12) pelo jornal The New York Times afirma que o Brasil teve sucesso onde os Estados Unidos fracassaram, ao levar o ex-presidente Jair Bolsonaro à condenação por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.

Assinado por Steven Levitsky, professor de Harvard e coautor do livro Como as Democracias Morrem, e Filipe Campante, professor da Universidade Johns Hopkins, o texto destaca que a democracia brasileira se mostrou mais resiliente do que a norte-americana, ao responsabilizar um ex-presidente por tentar anular o resultado de uma eleição.

“Apesar de todas as suas falhas, a democracia brasileira é hoje mais saudável do que a americana. Conscientes do passado autoritário do país, as autoridades judiciais e políticas brasileiras não deram a democracia por garantida. Seus pares americanos, por outro lado, fracassaram na tarefa”, escreveram os autores.

Comparações com o caso Trump

O artigo traça um paralelo direto com a situação dos EUA após as eleições de 2020, quando o então presidente Donald Trump se recusou a aceitar a derrota para Joe Biden e incentivou a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Segundo os autores, ao contrário do que ocorreu no Brasil, as instituições americanas falharam em punir Trump.

“O Supremo Tribunal Federal brasileiro fez o que o Senado dos EUA e os tribunais federais tragicamente falharam em fazer: levar à justiça um ex-presidente que atacou a democracia.”

Críticas ao governo Trump e defesa da Justiça brasileira

Levitsky e Campante criticam as recentes sanções do governo Trump contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso Bolsonaro, classificando a atitude como uma tentativa de subversão da democracia brasileira.

“Em um movimento que evoca algumas das intervenções mais antidemocráticas dos EUA na Guerra Fria, os Estados Unidos estão tentando subverter uma das democracias mais importantes da América Latina”, afirmam.

Os professores também alertam para os riscos do autoritarismo, destacando que as democracias não se defendem sozinhas e exigem ação de seus líderes.

“Como os liberais europeus aprenderam nas décadas de 1920 e 1930, a passividade diante de ameaças autoritárias pode custar caro. Mesmo os freios constitucionais mais bem elaborados são apenas pedaços de papel, a menos que sejam exercidos com firmeza.”

Polícia Federal e o 8 de Janeiro

Os autores ainda citam as investigações da Polícia Federal, que apontaram “inúmeras evidências” de que Bolsonaro, com o apoio de aliados militares, conspirou para anular as eleições e impedir a posse de Lula. A resposta institucional, segundo eles, foi adequada:

“Após os eventos de 8 de janeiro de 2023 deixarem claro que Bolsonaro representava uma ameaça à democracia, a Justiça brasileira agiu agressivamente para responsabilizá-lo — e impedir seu retorno ao poder.”

Autoritarismo nos EUA

O artigo fecha com um alerta grave sobre os rumos da democracia americana sob o segundo governo Trump, que os autores classificam como “abertamente autoritário”:

“Menos de nove meses após o início da segunda presidência de Trump, os Estados Unidos provavelmente já cruzaram a linha do autoritarismo competitivo.”

Eles acusam o governo republicano de instrumentalizar agências públicas para perseguir adversários políticos, intimidar a mídia, o setor privado, universidades e organizações da sociedade civil.

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