Wendel dos Santos Silva, de 38 anos, foi condenado a 31 anos e seis meses de prisão em regime fechado por assassinar sua noiva, Lediane Ferro da Silva, de 43 anos, no dia 15 de abril de 2023, em Peixoto de Azevedo (674 km de Cuiabá). A sentença foi proferida nesta quinta-feira (18), após julgamento por júri popular que durou cerca de seis horas. A decisão é do juiz João Zibordi Lara, da 2ª Vara Criminal do município.

Conforme a decisão, o crime foi cometido por motivo torpe e com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Lediane foi atacada com seis facadas pelas costas enquanto servia um prato de comida, na própria casa, na frente do filho do casal e da enteada.

O magistrado negou ao réu o direito de recorrer em liberdade e determinou o cumprimento imediato da pena. Wendel também foi condenado a pagar R$ 150 mil por danos morais à família da vítima.

Pós-crime e misoginia

Após cometer o assassinato, Wendel publicou mensagens misóginas nas redes sociais, criticando a Lei Maria da Penha e culpando a vítima pelo crime. Em uma das postagens, escreveu:

“Essa maldita lei que defende as mulheres para ficar humilhando os homens. As vagabundas traem e os homens têm que ficar calado. Lei desgraçada… Essa vagabunda que eu fazia tudo por ela… Lei dos infernos”.

Além disso, ele enviou mensagens ofensivas à amiga da vítima, responsabilizando-a pela tragédia:

“Oi, vagabunda, tá satisfeita agora? Foi por sua causa… Tem que caçar um macho e deixar as mulheres casadas viver a vida delas”.

Tentou culpar a vítima

Durante a audiência, Wendel chorou e admitiu o crime, mas tentou justificar suas ações culpando Lediane. A promotora de Justiça, Andreia Monte Alegre, classificou o réu como “covarde” e disse que ele tentou se passar por bom homem, apesar do histórico de agressões.

“É muito forte assistir a um covarde, que desferiu pelo menos seis facadas numa vítima, ter a coragem de tentar culpá-la. Só Lediane sabe quantas vezes foi vítima de violência doméstica e nunca registrou boletim de ocorrência”, afirmou a promotora.

O filho da vítima, Gustavo Michel da Silva Ferreira, de 18 anos, declarou durante o julgamento:

“Quero que ele apodreça na cadeia”.

Histórico de agressões

De acordo com as investigações, o relacionamento já era marcado por episódios de violência. No dia do crime, Lediane havia pedido à enteada que convencesse Wendel a deixar a residência, devido às constantes brigas. Ele se recusou, discutiu com a noiva e, em seguida, pegou uma faca e a atacou brutalmente.

Câmeras de segurança dentro da residência registraram todo o crime. Dois meses antes do assassinato, a mesma câmera havia flagrado o agressor aplicando um “mata-leão” em Lediane, que desmaiou na ocasião.

Wendel fugiu do local após o crime, mas foi localizado posteriormente e preso. Agora, deve cumprir a pena em regime fechado, sem direito a recorrer em liberdade.