terça-feira, 30 - setembro 2025 - 14:32

Assessor de vereador e 5 são presos por lavagem de dinheiro


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O assessor parlamentar João Paulo Lopes da Cruz, vinculado ao gabinete do vereador Ary da Costa Campos (PT), de Rondonópolis (MT), foi preso nesta terça-feira (30), durante a quinta fase da Operação Eclipse, deflagrada pela Polícia Civil de Mato Grosso. Ele é suspeito de atuar como operador financeiro de uma facção criminosa envolvida com o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro por meio de empréstimos ilegais com juros abusivos.

Segundo a investigação, a organização criminosa usava uma empresa de fachada chamada “Vale Crédito”, com base no município de Água Boa e ramificações em Barra do Garças e Rondonópolis. O grupo oferecia falsos empréstimos, praticando agiotagem contra comerciantes locais. Os recursos obtidos com a cobrança de juros extorsivos eram, posteriormente, lavados e reinseridos no sistema financeiro com aparência de legalidade.

“Constatamos a existência de uma célula do crime organizado, denominada Vale Crédito, que atuava emprestando dinheiro a comerciantes locais com juros abusivos. A partir disso, a organização lavava recursos obtidos no tráfico de drogas”, explicou o delegado Bruno Gomes, responsável pela operação.

Operação cumpre 18 mandados e prende seis suspeitos

Ao todo, a Polícia Civil cumpriu 18 ordens judiciais nesta etapa da operação: sete mandados de prisão preventiva, sete de busca e apreensão, dois bloqueios de contas bancárias e dois sequestros de bens.

Seis pessoas foram presas, sendo duas em Rondonópolis — entre elas o assessor João Paulo Lopes —, duas em Barra do Garças e outras duas em Água Boa. Também foram apreendidos um veículo de luxo, celulares, documentos e anotações financeiras que devem auxiliar no aprofundamento das investigações. Além disso, valores em contas bancárias foram bloqueados.

Ligação política sob suspeita

A prisão do assessor ocorre meses após o vereador Ary Campos ter seu mandato cassado, em maio de 2025, pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), sob acusação de abuso de poder econômico e político. O parlamentar foi investigado na Operação Infiltrados, deflagrada em setembro de 2024, por suspeita de ter sido eleito com apoio do Comando Vermelho — uma das maiores facções criminosas do país.

De acordo com a denúncia, membros da facção teriam articulado e financiado a candidatura como forma de inserção no sistema político. À época, a Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo então candidato, além de outras medidas cautelares. Apesar da cassação em primeira instância, Ary Campos segue no cargo enquanto aguarda julgamento do recurso em instância superior.

Vereador nega envolvimento e diz que assessor tinha ficha limpa

Em nota, o vereador Ary Campos afirmou não ter conhecimento das atividades pessoais dos membros de sua equipe fora do ambiente de trabalho. Ele ressaltou que todas as contratações são feitas de acordo com os trâmites legais, exigindo documentação completa, incluindo certidões negativas e antecedentes criminais.

“O vereador não tem conhecimento das ações individuais dos seus assessores fora da porta do gabinete e reforça que a responsabilidade sobre essas condutas é pessoal, não se estendendo ao mandato parlamentar”, diz trecho do comunicado.

A assessoria destacou ainda que, no momento da contratação, João Paulo Lopes apresentou ficha limpa, sem qualquer registro policial.

Vereador Ary Campos foi cassado após acusação de usar dinheiro de facção na campanha eleitoral de 2024

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