- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


A Justiça de Mato Grosso aceitou, na quinta-feira (9), a denúncia oferecida pela 18ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá contra 18 pessoas acusadas de integrar um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas e outros crimes graves. A ação é resultado da Operação Datar, deflagrada em agosto deste ano pela Delegacia Especializada de Repressão a Narcóticos (Denarc).
Segundo o Ministério Público do Estado (MPMT), os réus se associaram de forma estável e permanente para praticar, de maneira reiterada, o crime de lavagem de dinheiro, ocultando e dissimulando a origem ilícita de recursos obtidos com o tráfico.
Entre os acusados estão o DJ Diego de Lima Datto, apontado como líder do esquema; o empresário Rafael Geon de Sousa; o ex-superintendente de Tecnologia da Informação da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Vinícius Curvo Nunes; e o ex-servidor da Casa, Thiago Inoue.
As transações financeiras realizadas pelo grupo eram estruturadas, fracionadas e desprovidas de justificativa econômica legítima. Para conferir aparência de legalidade ao dinheiro ilícito, os envolvidos usavam empresas de fachada, familiares e “laranjas”.
De acordo com a denúncia, apenas quatro dos denunciados e uma empresa movimentaram mais de R$ 185 milhões entre 2015 e 2023, por meio de operações bancárias consideradas atípicas e incompatíveis com os rendimentos declarados. Parte dos acusados já possui antecedentes criminais por tráfico de drogas, associação para o tráfico, contrabando e uso de moeda falsa.
Organização criminosa sofisticada
O promotor de Justiça Carlos Roberto Zarour Cesar afirmou que a acusação está sustentada em um “acervo probatório robusto, coeso e tecnicamente fundamentado”, incluindo relatórios de inteligência financeira, documentos fiscais e bancários obtidos com autorização judicial.
“Restou amplamente demonstrado que os denunciados atuaram de forma organizada, estável e reiterada, valendo-se de estruturas empresariais fictícias, pessoas interpostas e operações financeiras complexas para ocultar e dissimular valores ilícitos. O grau de sofisticação e a amplitude territorial das transações revelam um esquema criminoso profissionalizado”, declarou o promotor.
A denúncia aponta a existência de dois núcleos interligados: um núcleo central, que operava o esquema financeiro, e um núcleo colaborador, composto por familiares e pessoas próximas, que emprestavam nomes e contas bancárias para a ocultação dos recursos.
Pedido de bloqueio de bens
Além da condenação dos réus, o Ministério Público pediu o perdimento dos bens e valores obtidos ilicitamente, incluindo recursos já bloqueados, imóveis, veículos, investimentos e dinheiro em espécie. O total estimado é de R$ 32.218.077,63, valor que deverá ser corrigido com juros e atualização monetária.
Sobre a operação
A Operação Datar teve como objetivo desarticular uma rede criminosa especializada em lavagem de dinheiro proveniente do tráfico. A investigação identificou movimentações milionárias envolvendo investigados em Cuiabá, Primavera do Leste, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
As autoridades apontam que o esquema operava com alto grau de complexidade e ramificações interestaduais, com uso de múltiplos agentes, contas bancárias e estruturas fictícias para dificultar o rastreamento dos valores.
Lista dos réus
Diego de Lima Datto
Patrike Noro de Castro
Jackson Luiz Caye
Marco Antônio Santana
Clovis Leite Junior
Vânia Marilda de Lima Datto
Vinícius Curvo Nunes
Lucas Goudinho e Gonçalves
Thiago Massashi Sawamura
José Guilherme Datto
Thiago Inoue
Robson Luiz de Siqueira Couto
Celso Dourado de França
Enzo Gonçalves Bonfim da Costa
Mirelle Havana Zago
Mauro José Zago Junior
Elizabete Maria Noro
Rafael Geon de Sousa