segunda-feira, 13 - outubro 2025 - 08:14

Com mais estudo, mulheres seguem ganhando menos em MT


SINE IDT
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Mesmo com índices mais elevados de escolaridade, as mulheres ainda seguem em minoria no mercado formal de trabalho e têm menores rendimentos em relação aos homens. É o que apontam dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana.

A média de rendimentos masculinos no país foi de R$ 3.115 mensais, enquanto a das mulheres ficou em R$ 2.506 (uma diferença de cerca de 19,5%). Em Mato Grosso, o Relatório de Transparência Salarial mais recente indica que a distância entre as remunerações é ainda mais expressiva e ultrapassa 27%. No estado, as mulheres recebem em média R$ 2.949,07, frente a R$ 4.041,84 pagos aos homens. De acordo com o IBGE, a desigualdade no mercado de trabalho se mantém apesar dos avanços no nível de instrução das mulheres.

O levantamento revela que quase 29% das trabalhadoras têm ensino superior completo, enquanto entre os homens esse índice é de apenas 17,3%. Entretanto, os ganhos seguem distantes: entre pessoas com ensino superior completo, os homens recebem, em média, R$ 7.347, e as mulheres, R$ 4.591, o equivalente a 60% do salário masculino. Uma discrepância que mostra que a qualificação feminina ainda não se traduz em ganhos equivalentes no mercado profissional.

A participação feminina também é menor na força de trabalho. Enquanto 6 em cada 10 homens com mais de 14 anos estavam ocupados em 2022, apenas 44,9% das mulheres exerciam alguma atividade remunerada. Assim, embora representem 52% da população brasileira, as mulheres correspondiam a apenas 43,6% da força de trabalho. A presença feminina é maioria em poucos segmentos, como ciências e atividades intelectuais, apoio administrativo e serviços e comércio. Já nas ocupações com maiores remunerações -como operadores de máquinas, montadores e forças de segurança – a presença masculina é amplamente superior. As desigualdades também se acentuam quando o recorte considera cor e raça.

Trabalhadores indígenas, pretos e pardos recebem, em média, menos do que os brancos e amarelos, independentemente do grau de instrução. Enquanto pessoas brancas têm rendimento médio de R$ 3.659, os indígenas recebem R$ 1.653. Entre quem possui ensino superior completo, as diferenças persistem: indígenas ganham R$ 3.799, menos da metade do valor pago a pessoas de cor amarela (R$ 8.411).



João Freitas / Jornal A Gazeta
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