- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou uma reunião entre Brasil e Estados Unidos nesta quinta-feira (16) para discutir a taxação extra imposta aos produtos brasileiros exportados para o mercado americano.
Este será o primeiro encontro oficial entre as autoridades dos dois países desde a conversa entre Lula e o presidente Donald Trump, realizada no início deste mês.
“Não pintou química, pintou uma indústria petroquímica”, afirmou Lula, nesta quarta-feira (15), ao comentar a videoconferência realizada na semana passada com Trump. O presidente brasileiro brincou com a expressão usada pelo estadunidense sobre “a química excelente” entre os dois, durante um breve encontro nos bastidores da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro.
“Amanhã teremos a conversa de negociação”, declarou Lula durante evento no Rio de Janeiro.
Após a aproximação nas Nações Unidas e o contato telefônico, Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar continuidade às negociações. Rubio convidou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, para liderar a delegação brasileira em Washington.
Agenda diplomática em Washington
O ministro Mauro Vieira chegou à capital americana na terça-feira (14) para iniciar a agenda de trabalho. Em entrevista recente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil apresentará os melhores argumentos econômicos para convencer os Estados Unidos a reverterem a chamada “tarifaço”.
Segundo Haddad, o principal argumento será que a medida tem elevado os custos para os consumidores americanos. Além disso, o ministro ressaltou que os Estados Unidos já possuem superávit comercial com o Brasil e diversas oportunidades de investimento no país, especialmente nas áreas de transformação ecológica, terras raras, minerais críticos, energia limpa, eólica e solar.
Contexto do tarifaço
A tarifa extra imposta ao Brasil integra a nova política comercial dos Estados Unidos, iniciada na gestão Trump, que busca aumentar as tarifas sobre parceiros comerciais para tentar recuperar a competitividade frente à China.
Em 2 de abril, Trump aplicou barreiras alfandegárias variáveis conforme o déficit comercial dos EUA com cada país. Como os Estados Unidos possuem superávit com o Brasil, o país sofreu a taxa mais baixa, de 10%.
No entanto, em 6 de agosto, entrou em vigor uma tarifa adicional de 40% contra produtos brasileiros, em retaliação a decisões que, segundo o governo Trump, prejudicariam as big techs americanas. A medida também foi resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por liderar uma tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Entre os produtos taxados estão café, frutas e carnes. Cerca de 700 itens — que representam 45% das exportações brasileiras aos EUA — ficaram de fora da primeira lista, incluindo suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis e seus componentes.
Posteriormente, outros produtos também foram excluídos das tarifas adicionais.