- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


A oposição ao governo no Congresso Nacional avalia alternativas diante do anúncio de que os Correios negociam empréstimos junto a bancos estatais e privados, com garantia do Tesouro Nacional, para tentar equilibrar as contas da estatal em 2025 e 2026. A informação foi confirmada pelo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, nesta quarta-feira (15).
A líder da minoria na Câmara dos Deputados, Carol De Toni (PL-SC), afirmou que a oposição não descarta a possibilidade de solicitar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para frear a negociação. Além disso, os parlamentares planejam intensificar a fiscalização do processo caso as tratativas avancem. Segundo Carol, “não hesitaremos, inclusive, em pedir uma CPI para impedir esse abuso. O Brasil precisa de responsabilidade fiscal e respeito ao pagador de impostos, não de resgates bilionários a estatais falidas. Essa medida demonstra as verdadeiras prioridades do governo: proteger o sistema que o sustenta, e não o cidadão que trabalha e produz.”
Outra iniciativa da oposição foi a apresentação de um pedido para convocação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a fim de prestar esclarecimentos ao Congresso. O requerimento ainda aguarda votação. Para o vice-líder da oposição na Câmara, deputado Sanderson (PL-RS), “a oposição está atenta e já adotou medidas para fiscalizar rigorosamente essa irresponsável operação”.
Sanderson criticou a proposta, classificando-a como uma tentativa de “simplesmente empurrar a dívida para o contribuinte”, sem apresentar um plano efetivo de reestruturação e eficiência. “Essa medida não passa de uma tentativa de maquiar um rombo financeiro acumulado pela própria gestão do governo, que demonstra clara irresponsabilidade fiscal”, declarou.
No mesmo sentido, o deputado Tião Medeiros (PP-PR) protocolou um pedido de explicações ao ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, sobre as negociações do empréstimo.
No Senado, a oposição também reagiu com críticas. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou as redes sociais para condenar a medida. “Depois de quebrar os Correios, de fazer desaparecer bilhões de reais sem qualquer explicação, o governo quer que você arque com a fatura. Isso deveria ser considerado crime!”, afirmou.
Detalhes do empréstimo
A estatal discute a possibilidade de obter um crédito de R$ 10 bilhões em 2025 e mais R$ 10 bilhões em 2026 para tentar equilibrar suas finanças. O pagamento desse montante teria a garantia da União — medida que tem sido amplamente contestada.
Segundo o presidente Emmanoel Rondon, os termos do empréstimo ainda não foram formalmente apresentados, pois as negociações ainda estão em andamento.
O primeiro passo para a aprovação do crédito será a avaliação do conselho de administração da empresa. O plano foi apresentado ao colegiado nesta quarta-feira (15) e deve ser analisado até a próxima sexta-feira (24).
No primeiro semestre deste ano, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,3 bilhões — mais que o triplo do resultado negativo do mesmo período do ano passado, que foi de R$ 1,3 bilhão.