- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


Dias após as forças de segurança do estado do Rio de Janeiro deflagrarem a Operação Contenção — contra o crime organizado nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense —, os governos da Argentina e do Paraguai anunciaram o reforço no patrulhamento de suas fronteiras com o Brasil.
“Reforçamos a segurança na fronteira para proteger os argentinos diante de qualquer debandada de criminosos resultante dos confrontos no Rio de Janeiro”, afirmou a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, em publicação nas redes sociais.
Ela compartilhou o ofício enviado à secretária de Segurança Nacional, Alejandra Monteoliva, determinando o aumento do efetivo das tropas federais na fronteira como “medida preventiva”. No documento, Bullrich se refere aos integrantes da facção brasileira Comando Vermelho como narcoterroristas e orienta que as forças de segurança argentinas mantenham contato com autoridades brasileiras e paraguaias para uma ação conjunta.
Brasil, Argentina e Paraguai já mantêm um acordo de cooperação policial na Tríplice Fronteira, que instituiu o Comando Tripartite, responsável pela troca de informações entre os países. A partir de um alerta emitido pelo comando, o governo paraguaio também decidiu adotar medidas extraordinárias de vigilância, nesta quarta-feira (29).
Em comunicado, o Conselho de Defesa Nacional (Codena) do Paraguai informou que o objetivo é impedir que integrantes do Comando Vermelho, que escaparam da ação policial no Rio, atravessem para o território paraguaio.
“Diante desta situação, desde as primeiras horas de terça-feira (28), as instituições nacionais de segurança competentes adotaram medidas extraordinárias de prevenção e vigilância em toda a fronteira”, destacou o Codena em nota.
Operação Contenção
Deflagrada pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, a Operação Contenção deixou cerca de 120 mortos, sendo quatro policiais, conforme o balanço mais recente. Segundo o governo fluminense, a operação foi considerada “um sucesso” e teve como objetivo conter o avanço da facção Comando Vermelho, além de cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 de prisão, sendo 30 expedidos pela Justiça do Pará.
A operação mobilizou 2,5 mil policiais e é considerada a maior e mais letal dos últimos 15 anos no estado. Foram apreendidas 118 armas e uma tonelada de drogas, além de 113 prisões, das quais 33 são de foragidos de outros estados.
Os intensos confrontos provocaram pânico na cidade, com fechamento de vias, escolas, comércios e unidades de saúde. Moradores e familiares de vítimas denunciaram execuções sumárias e abusos durante a ação, que também foi classificada por organizações de direitos humanos como “chacina”. Relatos indicam que corpos foram encontrados com sinais de execução e degolamento nas áreas de mata ao redor das comunidades.