- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner (União), minimizou as acusações e saiu em defesa do secretário de Governo, Gilberto Mello (PL), que se tornou réu por violência política de gênero contra a ex-vereadora Fabiana Nascimento (PSDB). Mesmo após a Justiça aceitar a denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), o gestor afirmou que não pretende exonerar o aliado político e classificou o caso como um “embate antigo” entre os dois.
“Esse conflito vem há muito tempo. A pessoa tem todo o direito de se defender, tanto ele quanto a vereadora Fabiana. Nenhuma recomendação ou ação transitada em julgado me faz exonerar o secretário de Governo do município”, disse Froner.
Ele também afirmou que não cederá à pressão pública. “Eu, como homem público, como defensor de direitos, não vou antecipar uma exoneração pelo barulho, pela mídia ou por esse aspecto. Não vou fazer”, continuou.
A fala do prefeito ocorre após o MPE denunciar o secretário por constranger e humilhar a vereadora com comentários misóginos, em um grupo de WhatsApp chamado “Coração Chapada”. Gilberto teria insinuado que Fabiana usou “apetrechos femininos” para obter decisões judiciais favoráveis e afirmou “não misturo com merda, sou bem casado”.
Mesmo diante da gravidade dos ataques, Froner relativizou o episódio, afirmando que “houve uma interpretação dela nesse sentido” e que os dois “eram muito amigos”. O prefeito disse ainda que só analisará uma eventual exoneração “após sentença”, ignorando que o secretário já é réu no processo.
A denúncia foi recebida pela Justiça e enquadra o secretário no artigo 326-B do Código Eleitoral, que tipifica o crime de violência política contra mulheres. Segundo o promotor Leandro Volochko, as manifestações de Gilberto buscaram menosprezar a condição de mulher da vereadora e dificultar o exercício do seu mandato eletivo.
Cassação
Fabiana chegou a perder o mandato no dia 19 de dezembro de 2023, por suspeita de estar advogando em ações contra o município. Ela negou as acusações e recorreu buscando a anulação do ato.
A Justiça atendeu ao pedido de Fabiana, reconhecendo o vício procedimental, mas permitiu a convocação de nova sessão na Câmara. A vereadora então recorreu contra essa decisão e o TJMT decidiu impedir a realização da sessão para que a questão pudesse ser apreciada pelo colegiado.
A Câmara, então, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) alegando que a decisão interferiu indevidamente nas atribuições do Legislativo. Então a Supremo Corte autorizou a Casa de Leis a seguir com o processo e Fabiana foi novamente cassada em maio. A advogada recorreu novamente e conseguiu suspender a cassação por meio de um recurso no dia 11 de julho, ficando apta a concorrer à prefeitura.