- CUIABÁ
- SEGUNDA-FEIRA, 8 , DEZEMBRO 2025


Mais de 30 corpos foram encontrados neste ano em seis cemitérios clandestinos em Mato Grosso. Esses locais, frequentemente situados em mata ou região isolada, são utilizados por facções criminosas para ocultar os corpos de vítimas. A prática, adotada pelas organizações, é parte de uma estratégia de controle territorial e forma de impor medo. As vítimas, na maioria, sofrem tortura e são enterradas. Conforme levantamento da Perícia Oficial e Identificação Técnica, já foram finalizadas 47 identificações de corpos encontrados em cemitérios clandestinos nos últimos anos. Existem ainda 70 restos mortais não identificados no sistema de bancos de perfis genéticos, o Codis (Combined DNA Index Sistem). Neste ano, 168 famílias já inseriram amostras de DNA na procura de familiares desaparecidos.
Um dos últimos cemitérios clandestinos foi localizado em Confresa, no dia 3 de dezembro. Conforme a Polícia Civil, para chegar ao local, foram meses de levantamentos da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Confresa, que vinha monitorando movimentações suspeitas, recebendo denúncias e cruzando dados de inteligência. As informações apontavam para a existência de um ponto de desova na região da Cachoeira da Onça, área de mata fechada e de difícil acesso. No local, as equipes desenterraram dois corpos ainda não identificados. Um deles estava com a cabeça separada do corpo, o que reforça a hipótese de execução com características de violência extrema e que tenham relação com conflitos internos da facção ou execuções ordenadas pelo grupo criminoso. Em março, quatro corpos foram encontrados em cemitério clandestino no bairro Pirinéu, em Várzea Grande. Dois deles foram no dia 12, que depois foram identificados como dois dos cinco trabalhadores maranhenses que desapareceram após virem trabalhar em Várzea Grande. As vítimas são Diego de Sales Santos, 22, e Mefibozete Pereira da Solidade, 25. Menos de uma semana depois, na mesma região, foram encontrados os corpos de Ricardo Oliveira Alves, 41, e do filho Ryan Matos Alves, 18, desaparecidos desde o dia 2 de dezembro de 2024.
No início de janeiro, também em Várzea Grande, a polícia descobriu um local de desova com três corpos, em uma área próxima ao Complexo Predinhos, entre os bairros São Mateus e Residencial São Benedito. As vítimas foram identificadas como Flávio Rodrigues Carneiro, 47, Wellington Suede Jesus Carneiro, 28, e Jean Suede de Jesus Dias, 21. Ainda na cidade, em agosto, a policia encontrou o corpo do alagoano José Walleffe dos Santos Lins, 28, enterrado no Residencial Isabel Campos.
Os maiores cemitérios clandestinos foram encontrados em janeiro e fevereiro deste ano, nos municípios de Lucas do Rio Verde e Rondonópolis. Em janeiro, em Lucas do Rio Verde, foram encontrados 12 corpos. A investigação atribui o cemitério clandestino ao Comando Vermelho (CV). A polícia acredita que o local tenha sido utilizado por integrantes da facção desde 2022, pelo menos. Em fevereiro foram encontrados, em Rondonópolis, 11 corpos m cemitério clandestino. Os indícios apontam que o cemitério era usado para desovar os corpos de usuários de drogas que, em algum momento, desrespeitaram regras impostas pela facção criminosa que domina a região e foram submetidos ao tribunal do crime.