- CUIABÁ
- SÁBADO, 28 , JUNHO 2025
O vereador Rafael Ranalli (PL) gerou controvérsia durante discurso na Câmara Municipal de Cuiabá ao afirmar que espera que integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, detidos na Penitenciária Central do Estado (PCE), façam “justiça” contra Benedito Anunciação de Santana, 40 anos, e seu filho Gustavo Santana, 18, acusados de envolvimento no assassinato da adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos.
Os dois acusados foram transferidos para o Raio 8 da PCE, setor onde estão presos ligados ao Comando Vermelho. Durante seu pronunciamento, Ranalli, que é ex-escrivão da Polícia Federal, afirmou não apoiar facções, mas declarou que “os monstros merecem o que vier”.
“Que as facções façam a justiça no presídio com esse vagabundo, com esse monstro. Ele transformou o próprio filho em assassino, recrutou mais dois adolescentes para cometer um crime covarde contra uma menina inocente”, disse o parlamentar.
A declaração repercutiu negativamente nas redes sociais e foi alvo de críticas de internautas, que acusaram Ranalli de incitar a violência e defender justiça com as próprias mãos. Apesar das reações, o vereador manteve sua posição e criticou parlamentares estaduais que, segundo ele, “passam pano para bandido” ao aprovarem medidas como a instalação de comércios internos nos presídios.
Ranalli também usou o episódio para reforçar críticas ao sistema penal e defender penas mais rígidas para crimes considerados bárbaros. Ele citou o caso de Emelly Azevedo, adolescente assassinada brutalmente em março, como exemplo da suposta falência do sistema de Justiça. O vereador elogiou a postura da senadora Margareth Buzetti (PSD), que tem defendido o endurecimento das leis penais.
“Tem gente que defende bandido, progressão de pena, regalias em presídio. Eu defendo que quem comete crime brutal tem que pagar caro. Merece ser eliminado”, declarou.
O caso Heloysa
Heloysa Maria foi morta no dia 22 de abril após ser sequestrada durante um falso assalto em sua residência. O corpo da jovem foi encontrado dentro de um poço, com sinais de asfixia e amarrado. Segundo as investigações, o padrasto da vítima, Benedito Santana, planejou o crime com o próprio filho e cooptou dois adolescentes, oferecendo como recompensa o direito de saquear a casa.
Gustavo Santana confessou participação no assassinato e apontou o pai como mentor. Já Benedito alegou inicialmente que pretendia apenas “dar um susto” na enteada e na companheira, Suellen Alencastro, depois tentou responsabilizar a mãe da vítima, acusando-a de não aceitar a orientação sexual da filha.