segunda-feira, 28 - abril 2025 - 08:30

Shein eleva preços em até 377% nos EUA com temor de novas tarifas de Trump


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A varejista chinesa Shein elevou os preços de seus produtos vendidos nos Estados Unidos em até 377%, segundo informações divulgadas pela Bloomberg News. A alta antecede a entrada em vigor de novas tarifas de importação determinadas pelo ex-presidente Donald Trump, que reassumiu o cargo e tem intensificado as medidas de restrição comercial contra empresas chinesas.

A decisão faz parte de uma ordem executiva assinada por Trump no início de abril, que encerra a isenção de impostos para compras de até US$ 800 — medida que até então beneficiava empresas como Shein e Temu. Com a nova regulamentação, que entra em vigor no dia 2 de maio, pacotes enviados diretamente da China poderão ser taxados em até 90% de seu valor total.

O impacto já é sentido no mercado. Itens como vestidos, utensílios domésticos e eletrônicos tiveram reajustes expressivos, refletindo a tentativa das plataformas de compensar o aumento das tarifas. A mudança remete à recente medida adotada pelo governo brasileiro, que passou a taxar compras internacionais de até US$ 50 com alíquota de 20% — popularmente chamada de “taxa das blusinhas”.

Dados da Bloomberg Second Measure mostram que, diante da iminência do aumento de preços, consumidores norte-americanos correram para antecipar compras nas plataformas chinesas. As vendas de Shein e Temu dispararam em março e nos primeiros dias de abril, à medida que clientes buscavam estocar produtos antes da vigência das novas tarifas.

A movimentação gerou grande repercussão nas redes sociais, onde influenciadores e consumidores passaram a compartilhar vídeos alertando sobre o fim da isenção e incentivando compras antecipadas.

Guerra comercial ganha novo capítulo

As novas tarifas fazem parte da escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que tem se intensificado nos últimos meses. Apesar de declarações recentes de Trump indicando que Pequim teria manifestado interesse em negociar, o governo chinês negou qualquer contato, acusando Washington de “criar confusão” e dificultar o diálogo.

Apesar da retórica combativa, o mercado financeiro reagiu positivamente ao tom mais ameno adotado por Trump, diante da possibilidade de que um eventual acordo possa frear uma alta inflacionária nos Estados Unidos. Economistas alertam que o aumento generalizado nos preços de importados pode pressionar a inflação e obrigar o Federal Reserve (Fed) a revisar sua política monetária, com possíveis elevações nas taxas de juros.

O cenário, por ora, aponta para um encarecimento contínuo de produtos importados por consumidores norte-americanos, especialmente os oriundos da China, consolidando uma nova fase da disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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