quarta-feira, 7 - maio 2025 - 15:13

STJD abre inquérito contra Bruno Henrique por suspeita de manipulação de resultado


Bruno Henrique
Bruno Henrique

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) abriu inquérito para apurar a conduta do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, suspeito de forçar um cartão amarelo para beneficiar apostadores — entre eles, familiares — durante a partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023.

A investigação foi instaurada após o jogador ser indiciado pela Polícia Federal no mês passado. O presidente do STJD, Luís Otávio Veríssimo Teixeira, recebeu as provas na última segunda-feira (5) e designou o auditor Maxwell Borges de Moura Vieira para relatar o caso em até 15 dias, prorrogáveis por mais 15. Como não houve pedido de suspensão preventiva, Bruno Henrique segue apto a atuar normalmente pelo clube.

Desde o indiciamento, o atacante já participou de seis jogos — três como titular e três saindo do banco — sem registrar gols ou assistências. O Flamengo mantém o atleta em campo com base na presunção de inocência.

Segundo o despacho do STJD, a Justiça Federal autorizou o compartilhamento da íntegra do inquérito policial com o tribunal desportivo. A investigação é conduzida com base no artigo 81 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que permite a abertura de inquérito de ofício diante de indícios relevantes de infração disciplinar.

A Justiça do Distrito Federal negou um pedido da defesa de Bruno Henrique para decretar sigilo no processo e manteve o compartilhamento das provas com o STJD e com a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, em andamento no Senado.

Bruno Henrique e outras nove pessoas foram indiciadas. Entre elas estão seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior; a esposa de Wander, Ludymilla Araújo Lima; e uma prima do jogador, Poliana Ester Nunes Cardoso — todos apontados como apostadores no cartão amarelo que o atacante receberia. Um segundo grupo de amigos do irmão do atleta também foi incluído na investigação.

Bruno Henrique e seu irmão foram enquadrados no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que trata da fraude em competições, com penas de 2 a 6 anos de prisão, além do crime de estelionato, com pena de 1 a 5 anos. Os demais investigados respondem apenas por estelionato.

A investigação começou em agosto de 2024 após casas de apostas detectarem movimentações atípicas: até 98% das apostas em cartões no jogo entre Flamengo e Santos foram direcionadas a Bruno Henrique. O jogador recebeu o cartão nos acréscimos da partida, após falta em Soteldo, quando o time carioca já perdia por 2 a 1. Na sequência, foi expulso por reclamação.

Mensagens encontradas no celular do atacante, apreendido durante operação da PF, reforçam a suspeita. Em uma delas, Wander pergunta quando Bruno Henrique tomaria o terceiro cartão amarelo. A resposta: “Contra o Santos”.

O relatório final da PF será analisado pelo Ministério Público do Distrito Federal, que decidirá se oferece denúncia formal contra os envolvidos.

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