- CUIABÁ
- SÁBADO, 14 , JUNHO 2025
Os brasileiros recuperaram, em abril deste ano, R$ 360 milhões em valores esquecidos no sistema financeiro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Banco Central (BC). Desde a criação do Sistema de Valores a Receber (SVR), o montante total devolvido aos cidadãos já soma R$ 10,38 bilhões. Ainda há, no entanto, R$ 9,74 bilhões disponíveis para saque.
O SVR é um serviço gratuito oferecido pelo Banco Central que permite a consulta de valores esquecidos em bancos, consórcios, cooperativas de crédito e outras instituições financeiras. A consulta pode ser feita com o CPF e a data de nascimento do titular, ou, no caso de empresas, com o CNPJ e a data de abertura — inclusive para empresas já encerradas.
Como funciona
Caso existam valores disponíveis, o resgate pode ser feito de duas formas: diretamente com a instituição financeira responsável ou por meio do próprio Sistema de Valores a Receber. Para solicitar a devolução, é necessário possuir uma conta Gov.br com nível prata ou ouro, com a verificação em duas etapas habilitada.
No caso de valores de pessoas falecidas, podem fazer a solicitação os herdeiros, inventariantes, representantes legais ou testamentários. A solicitação pode ser feita pela conta Gov.br do representante, mediante assinatura de um termo de responsabilidade.
Para empresas encerradas, o processo é semelhante: o representante legal pode acessar o sistema com sua conta pessoal e resgatar os valores disponíveis.
Solicitação automática
Desde o mês passado, o sistema passou a contar com uma nova funcionalidade: a solicitação automática de resgate. Com ela, cidadãos que possuem chave Pix vinculada ao CPF podem autorizar o crédito automático dos valores, sem a necessidade de consultar o sistema periodicamente ou registrar pedidos manualmente. A adesão ao serviço é opcional e está disponível apenas para pessoas físicas.
Quais valores podem ser resgatados
Os recursos disponíveis para devolução incluem:
Saldos em contas-corrente ou poupança encerradas;
Cotas de capital e sobras líquidas de cooperativas de crédito;
Recursos de grupos de consórcio encerrados não procurados;
Tarifas e parcelas de crédito cobradas indevidamente;
Valores de contas de pagamento pré ou pós-pagas encerradas;
Recursos mantidos por corretoras e distribuidoras encerradas;
Outros valores disponíveis nas instituições financeiras.
Estatísticas
As estatísticas do SVR são divulgadas com dois meses de defasagem. Até o fim de abril, 30.623.196 correntistas já haviam resgatado valores — sendo 27.854.371 pessoas físicas e 2.768.825 pessoas jurídicas.
Por outro lado, 51.717.336 beneficiários ainda não retiraram seus recursos. Desses, 47.428.003 são pessoas físicas e 4.289.333, pessoas jurídicas.
A maioria dos valores esquecidos é de pequenas quantias. Os montantes de até R$ 10 representam 63,83% dos casos. Valores entre R$ 10,01 e R$ 100 concentram 24,21% dos beneficiários, enquanto quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil correspondem a 10,11%. Apenas 1,85% dos correntistas têm direito a receber mais de R$ 1 mil.
Alerta contra golpes
O Banco Central reforça que não envia links, não entra em contato com usuários e não solicita dados pessoais. Todos os serviços do SVR são gratuitos e devem ser acessados apenas pelos canais oficiais. O único contato legítimo pode vir da instituição financeira listada na consulta do sistema.
O BC alerta os cidadãos a não fornecerem senhas e a desconsiderarem qualquer oferta de intermediação no processo de resgate de valores, prática comum em golpes aplicados por estelionatários.