O secretário municipal de Esporte e Lazer de Cuiabá, Jefferson Neves, defendeu publicamente o projeto de lei do vereador Rafael Ranalli (PL), que proíbe a participação de atletas trans em equipes femininas de competições oficiais na capital. A fala foi dada em entrevista à imprensa, nesta terça-feira (15), após a apresentação do balanço dos seis primeiros meses de sua gestão.

Jefferson usou seu histórico como treinador esportivo para justificar o posicionamento técnico. “Colocar mulheres trans para competir com mulheres cis é desigual. São anos de carga hormonal e estrutura física diferentes. A ciência mostra isso. A gente estuda fisiologia, biomecânica, e sabe que as valências físicas de um corpo masculino não se equiparam às do feminino”, afirmou.

Apesar de ter sido considerado inconstitucional pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Cuiabá, o projeto foi mantido por 14 votos a 4 em março deste ano. A proposta determina que apenas o sexo biológico pode ser usado como critério para formação de times femininos, e prevê multa de R$ 5 mil a entidades que descumprirem a norma. Atletas que omitirem sua condição de transgênero poderão ser banidos do esporte.

O secretário ainda citou exemplos internacionais para sustentar seu argumento. “Nas Olimpíadas recentes, vimos competições em que o desequilíbrio era evidente. Em modalidades como boxe, natação e atletismo, a diferença de força e resistência ficou clara. O esporte precisa garantir justiça às atletas femininas”, continuou.

Para Jefferson, a discussão deve sair do campo ideológico e ser pautada por critérios técnicos. “Essa é uma pauta que o mundo inteiro está debatendo. O Comitê Olímpico Internacional, federações, cientistas. Precisamos colocar a ciência no centro dessa discussão. O esporte é inclusão, mas também é mérito e igualdade. Não podemos sacrificar o desempenho das mulheres por decisões que ignoram a realidade fisiológica”, finalizou.