- CUIABÁ
- QUARTA-FEIRA, 16 , JULHO 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (15), ao ser questionado por jornalistas na Casa Branca sobre o andamento do julgamento do ex-mandatário brasileiro no Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações ocorrem em meio à tensão diplomática provocada pela recente imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por Washington.
Durante a conversa com repórteres, Trump classificou o processo contra Bolsonaro como “uma caça às bruxas” e minimizou seu vínculo pessoal com o ex-presidente. “Veja, ele não é como se fosse meu amigo. Ele é alguém que eu conheço, e sei que ele representa milhões de pessoas”, afirmou. “Eles querem prendê-lo. E eu acho que isso é uma caça às bruxas, e acho muito lamentável.”
A manifestação ocorre menos de uma semana após os EUA anunciarem a imposição das tarifas, que entram em vigor no próximo dia 1º de agosto. Em carta enviada a parlamentares americanos, Trump teria associado diretamente a decisão ao cenário político envolvendo Bolsonaro, que, segundo ele, “vem sendo alvo de perseguição”.
Na segunda-feira (14), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF a condenação de Jair Bolsonaro pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. As acusações integram as alegações finais da ação penal que apura a articulação golpista do entorno do ex-presidente para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, após as eleições de 2022.
“Bolsonaro é um bom homem”, disse Trump. “Ele lutou muito pelo povo brasileiro. Ele negociou acordos comerciais contra mim, foi duro, porque queria o melhor para seu país. Ele não era um homem desonesto.”
Segundo a PGR, Bolsonaro liderou um grupo organizado para desacreditar o sistema eleitoral, promover ataques contra instituições democráticas e preparar medidas autoritárias para se manter no poder. A investigação aponta a existência de uma trama golpista encabeçada pelo ex-presidente com apoio de militares, aliados políticos e influenciadores digitais.
Ao ser interrogado pelo STF em junho, Bolsonaro negou todas as acusações e rechaçou ter participado ou liderado qualquer tentativa de ruptura institucional.
As falas de Trump reforçam o discurso de setores alinhados à direita internacional, que têm acusado a Justiça brasileira de agir politicamente contra Bolsonaro. A repetição do termo “caça às bruxas”, frequentemente utilizado por Trump para deslegitimar processos judiciais contra ele nos Estados Unidos, dá o tom da aproximação retórica entre os dois líderes.
A coletiva de imprensa ocorreu no gramado sul da Casa Branca, momentos antes de Trump embarcar para a Pensilvânia. Ao lado dele estava a secretária de imprensa Karoline Leavitt. A declaração foi motivada por uma pergunta de jornalistas brasileiros sobre o pedido de condenação do ex-presidente.
A repercussão das falas ainda deve acirrar os ânimos entre os governos brasileiro e norte-americano, já fragilizados pela tensão comercial e pelo novo ciclo de investigações envolvendo Bolsonaro.