- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 31 , JULHO 2025
Atualizada às 08h39 – A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou na manhã desta quarta-feira (30) uma operação policial para desarticular um esquema envolvendo advogados e servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) que teriam desviado R$ 21 milhões da Conta Única do Judiciário mato-grossense.
Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido no residencial, na região do Terra Nova, em Cuiabá. Cerca de 20 agentes chegaram ao edifício por volta das 5 horas da manhã. Uma pessoa foi presa.
Na operação, são cumpridos mais de 160 ordens judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 22 mandados de busca e apreensão, 16 ordens de bloqueio judicial totalizando mais de R$ 21,7 milhões, além de 46 quebras de sigilo fiscal e bancário e sequestro de 18 veículos e 48 imóveis. As ordens judiciais são cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e na cidade de Marília (SP).
Indícios apontam para um esquema criminoso centralizado em João Gustavo Ricci Volpato, com envolvimento de:
Familiares do investigado;
Empresas ligadas ao grupo;
6 advogados:
Régis Poderoso de Souza
Wagner Vasconcelos de Moraes
Melissa Franca Praeiro Vasconcelos de Moraes
Themis Lessa da Silva
João Miguel da Costa Neto
Rodrigo Moreira Marinho
Servidor do TJMT:
Mauro Martins Sanches Junior, apontado como colaborador direto nas fraudes.
As investigações da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá identificaram um sofisticado esquema de fraudes ligadas a processos judiciais e com a participação de empresários, advogados e servidores públicos do Poder Judiciário.
Os alvos de mandados de prisão preventiva responderão pelos crimes de integrar organização criminosa, estelionato, falsificação de documento particular, falsidade ideológica, uso de documento falso, peculato, patrocínio infiel e lavagem de capitais.
O esquema
O grupo criminoso ajuizava ações de cobrança e, sem o conhecimento das partes rés, simulava a quitação da dívida via depósito judicial, juntando aos autos comprovantes de pagamentos falsificados.
Com isso, um servidor do Poder Judiciário, alvo da operação, fazia a migração do respectivo valor da conta única do TJMT para a conta vinculada ao processo, para que houvesse fundos para o resgate do alvará.
Os levantamentos iniciais identificaram 17 processos protocolados pela quadrilha entre os anos de 2018 e 2022. Como o Tribunal de Justiça modificou a metodologia de transferência de valores entre processos a partir do ano de 2023, até o momento não foram identificadas fraudes recentes com o mesmo modus operandi.
Vítimas
Entre as vítimas identificadas, estão empresários e pessoas físicas que descobriram processos judiciais em seus nomes com dívidas “quitadas” de até R$ 1,8 milhão, quando os empréstimos originais não ultrapassavam R$ 100 mil. Em um dos casos mais graves, uma pessoa interditada judicialmente foi vítima do esquema.
Condutas ilícitas
Entre as condutas praticadas pelo grupo criminoso envolvido nas fraudes estão a cobrança judicial de valores muito superiores às dívidas reais; Inserção de advogados para representar falsamente as vítimas; Apresentação de comprovantes de pagamento forjados; Criação de documentos falsos por servidores públicos; Expedição de alvarás e levantamento dos valores inexistentes; Lavagem do dinheiro através de complexa rede de empresas e contas.
Colaboração institucional
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso auxiliou a identificação das irregularidades e procedimentos fraudulentos em seus sistemas internos, demonstrando compromisso com a transparência e o combate à corrupção.
A investigação continua para identificar outros envolvidos e processos fraudulentos, havendo indícios de que o esquema pode ter proporções ainda maiores.