- CUIABÁ
- SEXTA-FEIRA, 15 , AGOSTO 2025
O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), protagonizou um momento de embate ideológico durante a abertura da 15ª Conferência Municipal de Saúde, na manhã desta quarta-feira (30), ao interromper a fala da pesquisadora Maria Inês da Silva Barbosa por uso de linguagem neutra. A professora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) iniciou sua participação cumprimentando os presentes com um “bom dia a todes”, o que motivou uma reação imediata do prefeito, que disse não aceitar esse tipo de linguagem em eventos da prefeitura.
“Ela começou com uma saudação estranha, colocando uma linguagem que não existe na língua portuguesa. Enquanto isso não mudar, a gente vai cobrar a aplicação da língua portuguesa. Aqui em Cuiabá não usamos linguagem neutra”, declarou Abilio, após o episódio.
Maria Inês, que é mestre em Serviço Social, doutora em Saúde Pública pela USP e tem longa trajetória no SUS, tentou dar continuidade à fala, mas foi advertida por Abilio, que afirmou que, caso insistisse no termo, ela deveria deixar o local. A pesquisadora, então, reafirmou sua posição e se retirou voluntariamente do evento.
“Estamos num espaço democrático e contraditório. Eu considero todos, todas e todes. Não tenho como falar de acesso universal sem me referir a todes. O senhor não vai precisar me reiterar da sala, pois eu me retiro”, declarou a pesquisadora antes de sair.
O prefeito reiterou que eventos oficiais da prefeitura não devem ser palco para o que chamou de “militância ideológica”, seja de direita ou de esquerda. “A conferência é um instrumento oficial patrocinado pelo município. Sendo eu o prefeito, direciono que as políticas estejam condizentes com a língua portuguesa”, afirmou.
O episódio gerou desconforto entre participantes da conferência, que ocorre até 1º de agosto no Hotel Fazenda Mato Grosso. O evento é promovido pela Secretaria Municipal de Saúde com o objetivo de discutir e avaliar propostas de melhoria no atendimento do SUS em Cuiabá.
A fala de Abilio, político com histórico de declarações polêmicas, reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão, diversidade e o papel das instituições públicas diante de novas formas de comunicação e identidade.
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