quarta-feira, 30 - julho 2025 - 18:22

Tarifaço não deve afetar investimentos dos EUA no Brasil


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O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quarta-feira (30) que a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deve afetar negativamente os investimentos diretos de empresas norte-americanas no Brasil.

Segundo Ceron, esses investimentos têm caráter estrutural e são planejados com foco no longo prazo, independentemente de conjunturas políticas ou econômicas momentâneas. “As empresas olham para os próximos 10 a 15 anos. São decisões baseadas em fundamentos estruturais, não em eventos conjunturais, como essa discussão comercial envolvendo os EUA”, afirmou, durante coletiva de imprensa sobre o resultado das contas públicas de junho.

Ceron também destacou a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos, dizendo acreditar que a proximidade econômica entre os dois países será mantida. De acordo com dados do portal InvestVis, os EUA lideram o ranking de investimentos estrangeiros diretos no Brasil. Entre janeiro de 2024 e junho de 2025, empresas norte-americanas aportaram US$ 12,25 bilhões no país, o equivalente a 23,46% do total. Em seguida, aparecem os Países Baixos, com US$ 7,92 bilhões (15,17%).

Plano de contingência

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, no início da semana, um plano de contingência para apoiar os setores brasileiros que serão afetados pela nova tarifa, cuja entrada em vigor está prevista para a próxima semana. Embora não tenha detalhado as medidas, Ceron reafirmou que o pacote incluirá ações voltadas ao crédito, como já havia antecipado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O secretário afirmou ainda que o plano não precisará ser reformulado, uma vez que os principais produtos brasileiros exportados aos EUA — como aeronaves civis, minérios, alguns alimentos e produtos da área de energia — foram isentados da tarifa. “O desenho macro está pronto. Podemos rever valores, mas não será necessário refazer o plano”, explicou.

Mesmo com a exclusão de setores-chave, Ceron ressaltou que o impacto das tarifas não deve ser minimizado. “Estamos diante de um cenário menos severo do que o pior previsto, mas isso não significa que os efeitos sejam irrelevantes.”

Enchentes no RS serviram de referência

Ceron também disse que a elaboração do plano de contingência levou em conta a experiência do governo federal com as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024. “Sabemos enfrentar problemas com racionalidade, técnica e medidas proporcionais para mitigar os efeitos econômicos”, pontuou.

Apesar disso, o secretário destacou que os dois eventos são distintos e, portanto, as respostas não são comparáveis. “São situações com naturezas e impactos diferentes.”

Por fim, Ceron garantiu que o governo está atento aos desdobramentos da decisão norte-americana. “Enquanto esse cenário não estiver definitivamente resolvido, o plano tem instrumentos para manter a estabilidade econômica que temos observado até agora.”

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