- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 7 , AGOSTO 2025
A ex-deputada federal Rosa Neide foi eleita presidente do PT de Mato Grosso com 93,07% dos votos válidos, consolidando sua liderança interna e assumindo a missão de reorganizar o partido no estado com foco nas eleições de 2026. Representante da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) — próxima ao presidente Lula —, Rosa Neide venceu o também professor e presidente da Associação dos Docentes da Unemat (Adunemat), Domingos Sávio, que obteve apenas 6,93% dos votos.
Rosa Neide sucede o deputado estadual Valdir Barranco, que comandou o partido por oito anos.
A nova presidente estadual promete atuar em sintonia com o presidente nacional da sigla, Edinho Silva, que assumiu o comando do PT no último domingo (3). Rosa destaca que seu foco será a construção de alianças e o fortalecimento do partido em um estado onde a esquerda ainda enfrenta resistência no eleitorado.
“Estou conversando diariamente com o presidente Edinho. Sempre defendi essa linha no PT. Sem abrir mão dos nossos princípios, construiremos o projeto para o Brasil atual”, afirmou.
Aproximação com o centro e pragmatismo político
Edinho Silva tem defendido um processo de fortalecimento interno do partido, mas também sinaliza abertura para alianças mais amplas, inclusive com setores do centro político — movimento que Rosa Neide já começa a refletir em Mato Grosso.
A dirigente deve ampliar o diálogo com outras lideranças, inclusive fora do campo tradicional da esquerda. Um exemplo disso foi a postura adotada durante o processo eleitoral de 2024. Embora não tenha conseguido apoio interno para disputar a Prefeitura de Cuiabá, Rosa Neide não fechou portas para articulações com outros partidos.
Além da federação com PV e PCdoB — que forma a Federação Brasil da Esperança —, o PT de Mato Grosso mantém alianças com o PSD, do ministro da Agricultura Carlos Fávaro, e com a Federação Rede-Psol. O partido também busca aproximar-se do PSB, em uma tentativa de ampliar sua base para os próximos pleitos.
Divergências internas e disputa em Cuiabá
Durante as eleições municipais, Rosa Neide divergiu do então candidato do PT à Prefeitura de Cuiabá, Lúdio Cabral, sobre a possibilidade de aliança com o MDB do ex-prefeito Emanuel Pinheiro — figura com alta rejeição na capital. Rosa defendia que o apoio de Pinheiro não deveria ser descartado, mas o diretório municipal rechaçou a ideia. Como resultado, o MDB lançou candidatura própria no primeiro turno e permaneceu neutro no segundo.
Agora à frente do diretório estadual, Rosa Neide busca reposicionar o PT em um estado onde a direita é dominante, mas que, segundo ela, não possui uma identificação majoritária com o bolsonarismo. Para a dirigente, o caminho passa pela superação da polarização ideológica e por uma postura mais pragmática, sem abrir mão dos valores do partido.
“Reconhecemos que a guerra ideológica só enfraquece qualquer projeto de esquerda. Em um estado conservador como o nosso, o diálogo e a construção de alianças amplas são caminhos necessários”, ponderou.
Com esse novo direcionamento, Rosa Neide quer fortalecer a presença do PT em Mato Grosso, aumentar a bancada nas próximas eleições e consolidar um palanque competitivo para 2026.