- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 7 , AGOSTO 2025
O Ministério da Fazenda deve enviar ainda nesta quarta-feira (6) ao Palácio do Planalto o texto da medida provisória (MP) que reúne as ações planejadas pelo governo federal em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
“Será um plano muito detalhado, focado principalmente em atender os pequenos produtores, que não têm alternativas à exportação para os EUA. Essa é a maior preocupação”, afirmou o ministro Fernando Haddad ao chegar ao ministério.
De acordo com Haddad, o plano já está pronto e prevê, entre outras medidas, a concessão de crédito para as empresas mais impactadas pelo tarifaço, além do aumento das compras governamentais. “O texto será encaminhado como medida provisória para entrar em vigor imediatamente. A questão empresa por empresa pode ser tratada posteriormente por regulamentação”, explicou.
Defesa do interesse nacional
O ministro reforçou que as ações visam garantir a soberania nacional e a aplicação da legislação brasileira. Haddad classificou como inaceitável a tentativa de interferência do governo norte-americano no Judiciário brasileiro e pediu união nacional entre empresários e governadores, inclusive da oposição, uma vez que os estados também são afetados pela crise.
“Os governadores precisam cumprir suas prerrogativas e defender os interesses de seus estados. O empresariado também deve agir para unir o país e evitar atrapalhar as soluções”, afirmou.
Haddad ainda criticou a atuação política interna que, segundo ele, trabalha contra os interesses nacionais nos EUA. “Somos o único país do mundo que tem uma força política interna em Washington agindo contra o Brasil. Nenhum outro país tem isso. Precisamos enfrentar essa ferida de vez”, declarou.
O ministro citou entrevistas recentes, como a do deputado Eduardo Bolsonaro, em que houve ameaças aos poderes constituídos do país, e também de líderes da oposição de extrema direita, que, segundo Haddad, atrapalham o avanço do país.
“O Brasil precisa se unir para defender a causa nacional e separar economia de política”, concluiu.
Reunião com autoridades dos EUA
Haddad confirmou que a reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, está marcada para a próxima quarta-feira, 13 de agosto. Ele destacou que, dependendo do andamento do encontro, poderá haver uma reunião presencial para aprofundar as negociações, reforçando o relacionamento histórico de 200 anos entre os dois países.
Impacto para a América do Sul
O ministro avaliou ainda que a taxa inicialmente prevista pelos EUA, de 10%, já seria inadequada para os países da América do Sul, pois a relação comercial dessa região com os EUA é deficitária.
“Somos um bloco econômico. O Brasil não pode ser tratado de forma isolada em relação a Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia. Assim como a União Europeia, precisamos ser considerados como um bloco único”, destacou Haddad.