- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 26 , JUNHO 2025
“Acabou a nossa paz.” A frase dita com voz trêmula por Patrícia Cosmo, filha de Maria Zélia da Silva Cosmo, resume o sentimento de desespero que tomou conta da família após a Justiça autorizar a saída de Lumar Costa da Silva do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho, em Cuiabá. O réu, que matou a própria tia a facadas e entregou o coração da vítima à filha dela, foi liberado para morar com o pai em Campinápolis, no interior de São Paulo.
Em entrevista exclusiva ao jornalista Allan Mesquita, no Jornal da Capital 101.9 FM, nesta segunda-feira (23), Patrícia reagiu com dor à decisão judicial proferida na última sexta-feira (20). “A soltura dele… a gente recebe isso com toda certeza com muito medo, né? Infelizmente, a nossa paz acaba de novo, mais uma vez”, disse, emocionada.
Ela contou que, desde que recebeu a notícia, sua rotina foi tomada pelo pânico. “É medo, né? Infelizmente a gente fica com medo, a gente tem temor. A gente não sabe… na verdade, eu não sei nem o que… não sei nem como que eu vou fazer para poder fugir disso. Ainda tô processando”.
A decisão judicial, assinada pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, considerou que Lumar apresenta “estabilidade clínica” e pode continuar o tratamento fora do hospital, mesmo sem cessação formal da sua periculosidade. Ele seguirá em regime ambulatorial intensivo, com supervisão da equipe do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de Campinápolis, sob responsabilidade do pai, o médico Gilmar Costa da Silva.
Mas, para Patrícia, a ameaça permanece viva. “Essa noite já não consegui dormir direito”, desabafou. “Meus filhos estão com medo. Vai ser agora um momento de terror, de pressão psicológica. Acabou a nossa paz.”
Ela apelou à solidariedade da população e à proteção divina. “Peço para Deus e para as pessoas que tenham compaixão da minha vida, da minha família, e orem muito por mim”, pediu.
Patrícia afirmou que sua força vem da fé e que continua viva apenas por conta disso. “Desde quando ele tirou a vida da minha mãe, é por causa de Deus… é por Deus que eu estou aqui, que eu dei continuidade à minha vida. Confio nele também. Assim como Ele me sustentou até agora, creio que vai me dar uma direção certa para nos proteger.”
O caso continua a causar revolta na sociedade mato-grossense. Mesmo com a liberação, o juiz determinou o envio de relatórios periódicos à Justiça para acompanhar o tratamento e o estado psicológico de Lumar. Ainda assim, para a filha da vítima, a sensação é de que um novo ciclo de medo foi instaurado. “Eu tô com medo.”