- CUIABÁ
- SEGUNDA-FEIRA, 16 , JUNHO 2025
Um crime premeditado, arquitetado por um casal e executado com a participação direta de um policial militar e um caseiro, resultou na morte do advogado Renato Nery, de 72 anos, em julho de 2024, em Cuiabá. A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu a primeira etapa da investigação e apontou ainda a tentativa de encobrimento do homicídio, com a participação de outros quatro policiais militares que simularam um confronto para ocultar provas do assassinato.
As investigações, conduzidas pela Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), revelaram que a motivação do crime foi uma disputa por terras. O casal, residente em Primavera do Leste, contratou o policial militar para intermediar a execução. O militar obteve a arma usada no homicídio e a repassou ao caseiro de uma chácara em Várzea Grande, que efetuou os disparos na vítima.
O crime foi meticulosamente planejado. O caseiro e o policial militar monitoraram a rotina do advogado durante vários dias e chegaram a preparar a execução para o dia anterior ao homicídio. No entanto, a ação só foi consumada em 5 de julho, quando o advogado foi baleado em frente ao próprio escritório, na avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Renato Nery chegou a ser socorrido e passou por cirurgia, mas não resistiu.
Durante a apuração, a DHPP rastreou o trajeto da motocicleta usada no crime e chegou até a chácara em Várzea Grande. A movimentação da polícia na região levou os envolvidos a tentarem se desfazer da arma do crime, o que culminou na simulação de um confronto armado entre a Polícia Militar e supostos criminosos no dia 11 de julho. A investigação comprovou que as pessoas abordadas na ocorrência não estavam armadas e que os policiais plantaram as armas na cena para justificar a ação.
O caseiro e o policial militar foram indiciados por homicídio qualificado por promessa de recompensa e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ambos seguem presos preventivamente. O casal mandante também foi preso temporariamente e responde a inquérito complementar que apura, entre outros pontos, o pagamento pelo crime e a cadeia de custódia da arma.
Já os quatro policiais militares envolvidos na farsa do confronto foram indiciados por tentativa de ocultação de provas e seguem investigados. Os inquéritos foram encaminhados ao Ministério Público e ao Judiciário para o oferecimento de denúncia.