- CUIABÁ
- SÁBADO, 14 , JUNHO 2025
O agronegócio de Mato Grosso, especialmente a agricultura, enfrenta crescentes desafios relacionados à instabilidade climática, o que acende um alerta sobre a centralização da economia estadual no setor. Atualmente responsável pela maior parte da receita do estado, o agro tem sofrido com os efeitos diretos da falta ou do excesso de chuvas, que comprometem o calendário produtivo e a qualidade das safras.
Diante desse cenário, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda, defende o investimento em tecnologias como alternativa para mitigar os efeitos do clima sobre a produção rural.
“Qualquer atividade econômica lida com variáveis. No caso da agricultura, o maior desafio é o clima. Tivemos um período mais irregular dois anos atrás, e agora as chuvas estão se prolongando. Por isso buscamos novas tecnologias, como a irrigação, que garante a produção mesmo em períodos de seca prolongada”, afirmou Miranda.
Em 2024, a irregularidade das chuvas provocou perdas significativas na produção de soja. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), produtores do Norte e Leste do estado registraram uma quebra de 20% na colheita devido ao atraso no início do período chuvoso. Já em março, com a retomada das chuvas, o excesso de umidade afetou o peso dos grãos em até 15%, comprometendo a qualidade da safra.
Novas culturas e diversificação da economia
Apesar dos desafios, o secretário destaca que a introdução de tecnologias no campo também tem impulsionado a diversificação da produção. O uso da irrigação, por exemplo, tem permitido o cultivo de novas culturas no estado.
“Com a irrigação, Mato Grosso está começando a incorporar culturas como o feijão, do qual já somos os maiores exportadores do país, e o gergelim. Isso naturalmente impulsiona outros setores, como a instalação de fábricas de aviões agrícolas, por exemplo”, observou Miranda.
Embora reconheça a necessidade de fortalecimento de outros segmentos econômicos, o secretário afirma que cabe ao empresariado decidir os rumos dos investimentos, considerando o potencial do estado.
“É uma decisão do empresário. Poucos lugares no mundo têm condições de solo e clima tão favoráveis quanto Mato Grosso. Precisamos aproveitar esse diferencial com inteligência e tecnologia”, concluiu.