- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira (29) estar confiante nas negociações com o governo dos Estados Unidos sobre o tarifaço de 50% imposto às exportações brasileiras. Segundo ele, o clima positivo se deve ao breve encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, realizado na semana passada durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
“O presidente Trump disse que houve uma química entre ele e o presidente Lula. Acredito que teremos novos passos. Temos bons argumentos, já que o Brasil não representa um problema para os EUA, que têm superávit na balança comercial conosco”, declarou Alckmin em entrevista à Rádio CBN.
Avanços e expectativas
Embora ainda não haja uma reunião oficial agendada entre os dois presidentes, Alckmin destacou que o diálogo vem sendo construído há meses. Ele citou como exemplo uma ordem executiva assinada há duas semanas pelo governo americano que zerou tarifas sobre celulose e ferro-níquel — dois produtos de forte presença na pauta exportadora brasileira.
“Exportamos muita celulose, o que representa US$ 1,7 bilhão. No ano passado, nossas exportações para os EUA somaram US$ 40 bilhões. Isso significa que 4% da nossa exportação foi desonerada”, explicou.
O vice-presidente também ressaltou o interesse mútuo em investimentos bilaterais. “Muitas empresas brasileiras querem investir nos Estados Unidos. É uma relação de ganha-ganha. Estamos confiantes de que uma boa conversa entre Lula e Trump pode destravar avanços importantes.”
Sanções e diversificação de mercados
Alckmin mencionou ainda a possibilidade de avanços nas sanções aplicadas pelo governo americano contra autoridades brasileiras. “Não tenho detalhes, mas acredito que a abertura e o avanço do diálogo vão melhorar muito a relação entre Brasil e Estados Unidos.”
Paralelamente, o governo brasileiro tem intensificado esforços para diversificar mercados e ampliar acordos comerciais. “Já assinamos os acordos Mercosul/Singapura e Mercosul/Efta. Até o fim do ano, devemos concluir o Mercosul/União Europeia. Em 15 dias, estarei na Índia, que tem 1,4 bilhão de habitantes e cresce 6,5% ao ano.”
Terras raras e integração produtiva
O vice-presidente também abordou o crescente interesse internacional pelas terras raras brasileiras. Segundo ele, é necessário realizar um levantamento geológico detalhado para identificar o potencial mineral do país. “O grande desafio é desenvolver toda a cadeia produtiva e promover a integração dessas cadeias. Temos muitas possibilidades de integração produtiva”, concluiu.