- CUIABÁ
- QUARTA-FEIRA, 16 , JULHO 2025
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, liderou nesta terça-feira (15) duas reuniões com empresários dos setores industrial e agropecuário, em meio à decisão dos Estados Unidos de elevar para 50% as tarifas de importação sobre produtos brasileiros.
Ao lado de outros ministros e secretários, Alckmin ouviu representantes dos setores afetados, que descreveram os impactos já sentidos na produção e nas exportações. Apesar das preocupações, os empresários demonstraram confiança nas negociações conduzidas pelo governo federal e defenderam que não sejam adotadas medidas de retaliação imediata.
Durante os encontros, algumas entidades sugeriram que o Brasil solicite o adiamento do início da vigência das novas tarifas, previsto para 1º de agosto, conforme anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo Alckmin, o governo pretende intensificar as negociações até essa data, com o objetivo de evitar que as tarifas entrem em vigor.
— A reunião com o setor produtivo foi muito proveitosa. Ouvimos todos os segmentos com maior fluxo de comércio com os Estados Unidos — aviação, aço, alumínio, máquinas, têxteis, calçados, papel e celulose. O que vimos foi um alinhamento em torno da negociação. Eu trouxe a mensagem do presidente Lula de total empenho para rever essa situação — afirmou o vice-presidente.
Alckmin ressaltou que há desequilíbrio na balança comercial entre os dois países.
— De janeiro a junho deste ano, as exportações do Brasil para os Estados Unidos cresceram 4,37%, enquanto as exportações dos EUA para o Brasil aumentaram 11,48%. Num momento em que os EUA batem recorde de vendas para o Brasil, quase três vezes mais que nossas exportações para lá, estaremos unidos para reverter essa decisão — completou.
O vice-presidente informou ainda que o setor produtivo brasileiro se comprometeu a dialogar com seus parceiros nos EUA — compradores, fornecedores e empresas congêneres — para discutir os prejuízos bilaterais causados pelo tarifaço.
— É uma relação comercial relevante, que também impacta os próprios Estados Unidos, podendo encarecer produtos e pressionar a inflação americana. Vemos nisso uma oportunidade para ampliar o diálogo e buscar novos acordos comerciais — afirmou.
Abertura de novos mercados
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, também participou da reunião com lideranças do agronegócio. Ele destacou que a ampliação dos mercados internacionais tem sido uma prioridade desde o início do atual governo.
— Já foram abertos 393 novos mercados para os produtos da agropecuária brasileira — afirmou Fávaro, que defendeu esforços para manter a presença do Brasil no mercado norte-americano.
Antes do anúncio das novas tarifas, o setor pecuário previa dobrar as exportações de carne aos Estados Unidos em 2025.
— O diálogo está aberto por parte do Brasil, sempre com respeito à soberania, mas também com firmeza e altivez — concluiu o ministro.