- CUIABÁ
- TERÇA-FEIRA, 6 , MAIO 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta terça-feira (6) para uma viagem à Rússia e à China, com o objetivo de diversificar as relações comerciais do Brasil e reforçar os laços diplomáticos com essas potências. A partida, prevista para as 22h, ocorrerá da Base Aérea de Brasília.
Na China, Lula participará, a convite do presidente Xi Jinping, da cúpula entre a China e os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que ocorrerá nos dias 12 e 13 de maio. O presidente brasileiro também realizará uma visita de Estado, durante a qual está prevista a assinatura de, pelo menos, 16 acordos bilaterais. Segundo o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Mauricio Lyrio, outros 32 atos ainda estão em negociação e poderão ser somados à agenda.
“A lista de acordos é ampla e diversificada”, afirmou Lyrio em coletiva de imprensa. Ele destacou que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, com um superávit favorável ao país, além de ser um investidor importante na economia brasileira. Este será o terceiro encontro de Estado entre os dois presidentes desde o início do atual mandato de Lula, sendo o mais recente em novembro de 2024, quando Xi Jinping visitou Brasília.
Lyrio enfatizou que, após a visita de Xi, ficou clara a intenção de explorar novas áreas de cooperação entre os dois países, como a integração das estratégias de desenvolvimento do Brasil com iniciativas chinesas, como o Cinturão e Rota. A cooperação em temas como multilateralismo, governança global e soluções pacíficas também estará na pauta da visita.
A comitiva de Lula será composta por diversos ministros e parlamentares, refletindo a importância estratégica da relação bilateral. “Existem forças-tarefas coordenadas pelos ministros Rui Costa, da Casa Civil, e também pelo Ministério da Fazenda e Banco Central, com uma mobilização dos ministérios para intensificar a cooperação com a China nas áreas de infraestrutura, finanças, ciência, tecnologia e inovação”, explicou Lyrio. O Brasil também pretende atrair investimentos chineses para projetos de neoindustrialização, capacitação tecnológica e transição energética.
Desafios no Contexto Global
A visita ocorre em meio ao agravamento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que impuseram tarifas mútiplas, especialmente durante a presidência de Donald Trump. O embaixador Lyrio reafirmou a posição do Brasil, ressaltando que o país não busca contenciosos com nenhuma nação e preza por boas relações com a China, sem que isso prejudique a relação com os Estados Unidos. “O Brasil valoriza suas boas relações com os EUA, sem ver a relação com a China como contraposta”, afirmou.
Cúpula China-Celac e o Papel do Brasil na América Latina
Durante a cúpula China-Celac, Lula terá a oportunidade de reforçar o papel do Brasil na integração regional. A secretária de América Latina e Caribe do MRE, embaixadora Gisela Padovan, destacou que a presença de Lula na cúpula reflete a importância do Brasil na articulação de um diálogo construtivo entre as duas regiões. Ela também ressaltou a intenção de expandir a cooperação com a América Central.
A Celac, composta por 33 países da região, é um fórum que Lula revitalizou ao retornar ao cargo em 2023, após um período de afastamento do Brasil do bloco.
Visita à Rússia: Relações Comerciais e Diplomáticas
Antes de seguir para a China, Lula realizará uma visita à Rússia, entre os dias 8 e 10 de maio, a convite do presidente Vladimir Putin. O presidente brasileiro participará das comemorações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista, celebrada no dia 9 de maio, com um grandioso desfile cívico-militar em Moscou. Durante sua estadia, Lula se reunirá com Putin para discutir a assinatura de novos acordos nas áreas de ciência e tecnologia. A comitiva também contará com os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Lyrio lembrou que o Brasil possui uma relação comercial relevante com a Rússia, especialmente no que diz respeito à importação de fertilizantes e diesel, além da exportação de produtos agrícolas. No entanto, o Brasil busca reequilibrar a balança comercial, ampliando suas exportações para o mercado russo.
Sobre o conflito na Ucrânia, Lyrio reiterou a posição do Brasil, que defende a integridade territorial dos países e uma solução pacífica para as controvérsias, mantendo uma postura diplomática equilibrada com todas as partes envolvidas.
Em Moscou, Lula também terá uma reunião com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, como parte dos esforços para fortalecer as relações bilaterais.
A viagem de Lula à Rússia e à China reflete a busca do Brasil por uma maior inserção internacional, explorando novas oportunidades de cooperação econômica e diplomática com dois dos principais atores globais.