- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


No último encontro da ONU com a presença das nações-membro, em setembro de 2025, em um discurso enfático e entusiasmado, o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, mencionou enfaticamente a situação do Haiti — país esquecido no Caribe pela comunidade internacional — ao citar a violência que assola a ilha.
A fala de Lula reflete a urgência de os demais países voltarem seus olhos para essa nação, que se encontra devastada pela criminalidade, sob o domínio de gangues fortemente armadas, que subjugam a população local. Até o presente momento, desde o assassinato de seu último presidente, o Haiti não possui um líder nacional.
Que país consegue existir de forma saudável e minimamente diplomática sem um representante legitimamente eleito por meio do regime democrático garantido em sua constituição? Como as políticas públicas serão implementadas e os direitos humanos da população respeitados, se sequer existe um parlamento formado e legitimado pelo voto popular, através do processo eleitoral?
Esse país, historicamente castigado pela escravidão, vítima de catástrofes naturais recorrentes e boicotes econômicos impostos por seus antigos algozes coloniais, hoje se vê, mais uma vez, desamparado pelos Estados, que parecem fingir que está tudo bem — além de desprezar o valor simbólico que esta pequena nação representa para a história da humanidade.
A fala do presidente brasileiro soou como uma voz que clama em meio ao deserto do abandono por parte da comunidade internacional. As nações precisam se unir, estender a mão e fazer valer a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), da qual o Haiti também é signatário. O povo haitiano não pode permanecer nesse estado de constante medo, sob o domínio de gangues violentas que agem dia e noite, tirando a paz de quem ainda resiste na bela ilha de Hispaniola.
Rafael Lira, pedagogo, pós-graduado em Educação Especial Inclusiva, educador artista, ex missionário religioso, escritor, professor/tradutor de língua estrangeira (crioulo haitiano).