- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O câncer de apêndice é considerado um tumor raro, mas tem aparecido com maior frequência em consultórios de todo o mundo. Até recentemente, a doença era desconhecida para a maioria das pessoas, inclusive médicos. Quando identificada, a condição quase sempre era diagnosticada em idosos.
Contudo, o câncer de apêndice tem sido diagnosticado cada vez mais entre os jovens. A doença tem afetado pessoas de 40, 30 anos e até mais jovens. Um estudo publicado no Annals of Internal Medicine, em junho, mostrou que a incidência deste tipo de tumor triplicou para nascidos após 1980 e quadruplicou para nascidos após 1985 em comparação com a incidência observada até então em nascidos em 1945.
Embora o estudo indique o aumento, ele não aponta uma causa provável. Os dados mostram incidências elevadas em diferentes tipos de cânceres gástricos nos últimos anos. No caso do de apêndice, a mudança de cenário e de incidência dos casos em um grupo pouco provável deixou os especialistas confusos.
“Os números gerais ainda são pequenos, pois o câncer de apêndice afeta poucas pessoas por milhão. Mas agora quase um a cada três casos ocorre em adultos com menos de 50 anos”, destaca um dos autores da pesquisa, o professor de ciências biomédicas Justin Stebbing, da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido, em artigo publicado no The Conversation.
A função do apêndice, pequena bolsa em forma de dedo que se conecta ao intestino grosso, ainda é debatida. O órgão é mais conhecido por causar apendicite, inflamação que exige cirurgia.
O câncer de apêndice é dividido em diferentes tipos, o mais comum é o tumor neuroendócrino (comumente chamado de tumor carcinóide). A incidência ainda é baixa globalmente, registrando de 0,2 a 0,5 casos para cada 100 mil habitantes.
“Por seu caráter indolente, é comum a doença evoluir sem ser diagnosticada. Porém, é importante que, na persistência de sintomas abdominais, o paciente investigue a possibilidade de câncer, não apenas de apendicite, para que a doença seja descoberta antes que evolua para uma forma mais avançada”, destaca o médico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e titular do Hospital de Base, de Brasília.
A doença não costuma apresentar sintomas nos estágios iniciais. Quando aparecem, o paciente pode ter dor na região do estômago ou pélvis, inchaço ou líquido no abdômen, sinais inespecíficos que acabam sendo confundidos com outras condições.