- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O ministro do Turismo, Celso Sabino, comunicou nesta sexta-feira (19) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que deixará o cargo nos próximos dias. A decisão ocorre após um novo ultimato do União Brasil, partido ao qual é filiado, que deu prazo de 24 horas para que todos os seus membros exonerassem-se de cargos e funções comissionadas no governo federal.
A determinação da executiva nacional do partido foi emitida na quinta-feira (18), em mais um movimento que reforça o distanciamento do União Brasil da base de apoio do governo Lula.
Durante uma reunião de mais de uma hora com o presidente, no Palácio da Alvorada, Sabino explicou os motivos de sua saída, informou que deseja cumprir algumas agendas finais como ministro e que entregará sua carta de demissão após o retorno de Lula de Nova York. O presidente viaja neste fim de semana para os Estados Unidos, onde participará da Assembleia Geral da ONU e fará o discurso de abertura do evento, no dia 24.
Celso Sabino é deputado federal pelo Pará e assumiu o Ministério do Turismo em julho de 2023. Ele era um dos principais interlocutores do governo na preparação da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em Belém. O ministro vinha tentando negociar sua permanência no cargo com a cúpula do partido, mas acabou cedendo à pressão interna.
O ultimato da direção nacional do União Brasil foi intensificado após a veiculação de reportagens que relacionam o presidente do partido, Antonio Rueda, à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Tanto Rueda quanto o União Brasil negam qualquer ligação com o grupo criminoso. Em nota, o partido chegou a insinuar que o próprio governo poderia estar por trás das denúncias, uma vez que as investigações estão sob responsabilidade da Polícia Federal, órgão com autonomia funcional, mas vinculado ao Ministério da Justiça.
A acusação provocou reação imediata da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que repudiou as insinuações feitas pela sigla em uma postagem nas redes sociais.
“Repudio as acusações infundadas e levianas feitas em nota divulgada hoje pela direção do partido União Brasil. A direção do partido tem todo o direito de decidir a saída de seus membros que exercem posições no governo federal. O que não pode é atribuir falsamente ao governo a responsabilidade por publicações que associam dirigente do partido a investigações sobre crimes. Isso não é verdade”, escreveu a ministra em sua conta na rede X (antigo Twitter).
Com a iminente saída de Celso Sabino, o União Brasil poderá perder o último posto que ainda ocupava no primeiro escalão do governo. Anteriormente, os ministros Juscelino Filho (Comunicações) e Daniela Carneiro (Turismo, substituída justamente por Sabino) também haviam deixado o governo sob forte influência da disputa política interna da legenda.