- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 24 , ABRIL 2025
A China instou os Estados Unidos neste domingo (13) a “eliminarem completamente” as tarifas recíprocas aplicadas entre os dois países e a corrigirem o que classificou como “erros” em sua política comercial. A declaração foi feita por meio de um comunicado oficial do Ministério do Comércio chinês, em reação à decisão do governo norte-americano, anunciada na última sexta-feira (11), de isentar temporariamente celulares, computadores e outros produtos eletrônicos de tarifas adicionais.
Para Pequim, a medida representa apenas um “pequeno passo”, e o governo chinês afirmou que ainda está avaliando os impactos da decisão. “Instamos os Estados Unidos a tomarem medidas substanciais para corrigir seus erros, eliminar completamente a prática equivocada de tarifas recíprocas e retornar ao caminho do respeito mútuo”, declarou o porta-voz do ministério.
A isenção anunciada beneficia grandes empresas de tecnologia norte-americanas com produção na China, como Apple, Nvidia e Dell. Segundo dados do US Census Bureau, os smartphones foram a principal importação chinesa para os EUA em 2024, totalizando US$ 41,7 bilhões, seguidos por laptops, com US$ 33,1 bilhões.
Apesar da retirada temporária das tarifas sobre eletrônicos, a maioria dos produtos chineses continua enfrentando taxas gerais de até 145% para ingressar no mercado norte-americano. Entre os itens isentos estão semicondutores, chips de memória, monitores de tela plana e componentes eletrônicos essenciais à indústria de tecnologia.
A medida foi bem recebida pelo setor. Analistas da consultoria Wedbush descreveram a decisão como “a melhor notícia possível para investidores em tecnologia”, de acordo com declaração à CNN. A agência Bloomberg também destacou que a suspensão pode aliviar o impacto nos preços ao consumidor nos EUA.
Tarifas podem voltar sob novo enquadramento
No entanto, a isenção tarifária pode ter vida curta. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, esclareceu neste domingo que a retirada das tarifas é temporária e que os produtos isentos serão incluídos em um novo pacote de tarifas setoriais voltadas aos semicondutores, previsto para os próximos meses.
“Esses itens terão um tipo especial de tarifação. Vamos garantir que sejam repatriados. Fizemos isso com automóveis, faremos com farmacêuticos e semicondutores também”, afirmou Lutnick.
Ele defendeu a redução da dependência de países estrangeiros, como a China, em setores estratégicos. “Não podemos continuar dependendo de outros países para produtos fundamentais. Precisamos fabricar nossos próprios eletrônicos e medicamentos. O presidente Trump está trabalhando nesse objetivo”, declarou.
Lutnick também reforçou que o Congresso conferiu ao presidente autoridade legal para aplicar medidas que protejam a segurança nacional. “Se continuarmos acumulando déficits comerciais e alienando nossos interesses estratégicos, corremos o risco de nos tornarmos apenas mão de obra para o resto do mundo.