- CUIABÁ
- DOMINGO, 13 , JULHO 2025
Diante do aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos importados, o Brasil tem intensificado esforços para diversificar seus mercados e fortalecer parcerias estratégicas. Nesse cenário, a China desponta como principal aliada comercial. Segundo a ApexBrasil, empresas chinesas planejam investir mais de R$ 27 bilhões no Brasil até 2032, abrangendo setores-chave como energia renovável, mobilidade, mineração, tecnologia, semicondutores, delivery e fast food.
A China é, atualmente, o maior parceiro comercial do Brasil, responsável por 28% do valor total exportado pelo país e por 41,4% do superávit da balança comercial brasileira. Commodities como soja (33,4%), petróleo bruto (21,2%) e minério de ferro (21,1%) representaram 75,6% das exportações brasileiras para o mercado chinês em 2023.
Investimentos por setor e empresa
GWM (Great Wall Motors)
A montadora chinesa anunciou R$ 6 bilhões em novos investimentos no Brasil entre 2027 e 2032. O valor será destinado à ampliação da linha de produção com o lançamento de dois novos modelos. O montante se soma aos R$ 4 bilhões investidos entre 2022 e 2025 para a reativação da fábrica em Iracemápolis (SP).
Meituan
Líder em delivery na China, a Meituan prepara sua entrada no mercado brasileiro com um investimento de mais de R$ 5 bilhões nos próximos cinco anos. A operação será realizada sob a marca Keeta, já utilizada em Hong Kong e na Arábia Saudita, e deverá gerar cerca de 100 mil empregos indiretos. A empresa também planeja instalar uma central de operações no Nordeste.
Envision Energy
Com foco em energia limpa, a Envision Energy vai investir R$ 5 bilhões na construção do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, no Rio de Janeiro. O complexo será dedicado à produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), hidrogênio verde e amônia verde.
CGN (China General Nuclear)
A gigante do setor de energia vai aplicar R$ 3 bilhões na criação de um hub de energia renovável no Piauí. O projeto contempla geração e armazenamento de energia eólica e solar, com capacidade instalada estimada em 1,4 GW e potencial para gerar mais de 5 mil empregos durante a fase de construção.
Mixue
A rede de fast food Mixue iniciará suas operações no Brasil com investimento de R$ 3,2 bilhões. A empresa pretende comprar frutas brasileiras para a produção de sorvetes e bebidas geladas e estima criar até 25 mil empregos no país até 2030. A primeira leva de lojas será inaugurada em São Paulo.
Baiyin Nonferrous
A mineradora chinesa investiu R$ 2,4 bilhões na aquisição da Vale Verde, empresa com capacidade anual para produzir 400 mil toneladas de cobre, 400 mil toneladas de chumbo e zinco, 15 toneladas de ouro e 500 toneladas de prata. A aquisição foi motivada pela crescente demanda chinesa por cobre.
Longsys (Zilia)
No setor de tecnologia, a Longsys, por meio da subsidiária Zilia, anunciou R$ 650 milhões em investimentos para ampliar as fábricas de Atibaia (SP) e Manaus (AM). As unidades se dedicam ao encapsulamento, testes de circuitos integrados e montagem de dispositivos semicondutores, incluindo memórias DRAM e Flash.
DiDi (99 e 99Food)
A controladora do aplicativo 99 anunciou R$ 1 bilhão para relançar o serviço 99Food e expandir sua atuação no Brasil. A empresa também planeja construir 10 mil pontos de recarga elétrica, promovendo a eletrificação da frota nacional.
Parcerias estratégicas Brasil-China
Além dos investimentos diretos, diversas parcerias entre empresas brasileiras e chinesas estão sendo firmadas:
Nortec Química e farmacêuticas chinesas: R$ 350 milhões para produção de insumos farmacêuticos;
Raízen e SAFPAC: Acordo para produção de combustível sustentável de aviação (SAF) na China;
Fiocruz e Biomm: Produção local de insulina, com potencial de beneficiar até 16 milhões de brasileiros;
ABES e ZGC: Cooperação em inteligência artificial, infraestrutura de dados e capacitação tecnológica;
Eurofarma e Sinovac: Criação do Instituto Brasil-China de Biotecnologia.