- CUIABÁ
- TERÇA-FEIRA, 29 , ABRIL 2025
A série Congonhas: Tragédia Anunciada, lançada na última semana na Netflix, já figura entre as produções mais assistidas da plataforma. Dividida em três episódios, a obra revisita o trágico acidente ocorrido em 17 de julho de 2007 no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que deixou 199 mortos e se tornou o maior desastre da aviação comercial regular brasileira.
Dirigida por Angelo Defanti, a produção analisa não apenas os fatores técnicos e operacionais que levaram ao acidente com o voo 3054 da TAM, mas também o impacto duradouro sobre a aviação nacional e as famílias das vítimas.
O Airbus A320 havia partido de Porto Alegre com destino a São Paulo e, durante o pouso, não conseguiu parar na pista molhada, atravessando a Avenida Washington Luís e colidindo com um prédio da própria companhia aérea.
A seguir, confira cinco pontos centrais abordados na série:
1. O que causou o acidente?
De acordo com o relatório oficial do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), o acidente foi provocado por uma combinação de erro humano, falhas operacionais e lacunas na regulamentação da época.
Durante o pouso, apenas uma das alavancas de potência foi colocada em marcha lenta, enquanto a outra permaneceu em aceleração — um cenário que, na prática, impedia a desaceleração adequada da aeronave. Além disso, um dos reversores de empuxo estava inoperante, o que era permitido pelas normas vigentes, mesmo em condições de chuva.
2. O contexto do “apagão aéreo”
O desastre ocorreu em meio ao chamado “apagão aéreo”, período iniciado em 2006 após a colisão entre um Boeing da Gol e um jato Legacy, que matou 154 pessoas. A crise expôs deficiências estruturais no setor aéreo brasileiro, como falhas no controle de tráfego, infraestrutura deficiente e excesso de demanda. Os acidentes levaram a um processo de revisão das políticas e práticas da aviação civil no país.
3. O que mudou na aviação brasileira após 2007?
A tragédia impulsionou uma série de reformulações nas normas e procedimentos operacionais no setor. A Infraero, a Aeronáutica e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) implementaram medidas como a construção de uma nova torre de controle em Congonhas, a reforma da pista principal, a instalação de sistemas para medir atrito e textura da pista e melhorias no controle do tráfego aéreo.
Essas mudanças não foram motivadas apenas pelo acidente da TAM, mas por um conjunto de fatores que evidenciaram a necessidade de modernização do setor.
4. Indenizações às famílias das vítimas
Em 2017, quando o acidente completou dez anos, a Airbus — fabricante do avião — firmou um acordo judicial e concordou em pagar mais de R$ 30 milhões a 33 famílias de vítimas. Segundo informações de 2022, apenas uma ação judicial relacionada à tragédia permanecia em andamento.
5. Memórias e dor que ainda permanecem
O documentário traz depoimentos emocionantes de familiares das vítimas, que relembram a dor da perda, a demora na identificação dos corpos e a dificuldade de lidar com a ausência. “Foi o dia em que perdemos a minha tia, tão jovem, com uma vida inteira pela frente, e o meu priminho, um anjinho de apenas 1 ano. Só de lembrar, sinto um nó na garganta e uma dor profunda”, relatou uma espectadora nas redes sociais.
Um policial que atuou no resgate também compartilhou suas lembranças: “Minha missão ali foi servir com o máximo de humanidade e respeito. Cada vida perdida e cada família impactada seguem sempre em nossas orações.”
Congonhas: Tragédia Anunciada reacende uma ferida nacional e reforça a importância da memória coletiva e da vigilância contínua sobre a segurança da aviação civil no Brasil.