- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


Um contador de Mato Grosso foi alvo da Operação Domínio Fantasma, deflagrada nesta terça-feira (11) pela Polícia Civil, com o objetivo de desarticular um esquema criminoso milionário de fraudes eletrônicas e criação de empresas de fachada utilizadas para lavagem de dinheiro obtido de forma ilícita.
Ao todo, foram cumpridas 33 ordens judiciais nas cidades de Cuiabá e Sorriso, entre elas um mandado de prisão preventiva contra o suposto mentor do esquema, sete de busca e apreensão, duas medidas cautelares diversas da prisão, além do sequestro de valores que somam R$ 5 milhões, dois mandados de sequestro de imóveis e cinco de veículos de luxo.
Como funcionava o esquema
De acordo com a Polícia Civil, o contador se apresentava nas redes sociais como um “contador digital” especializado em dropshipping — modelo de comércio eletrônico no qual o vendedor atua como intermediário entre fornecedor e consumidor final — e também no ramo de iGaming (jogos de azar pela internet).
As investigações apontam que o suspeito criava CNPJs em nome de “laranjas”, geralmente jovens de baixa renda de outros estados, para registrar sites falsos de venda de produtos, como brinquedos e roupas. Os sites eram impulsionados por anúncios patrocinados, e o grupo chegou a clonar o site de uma marca famosa de cosméticos.
Vítimas de várias regiões do país realizaram compras nesses sites, pagando por Pix ou cartão de crédito, mas nunca receberam as mercadorias. A polícia informou que os endereços virtuais acumularam diversas reclamações em plataformas como o Reclame Aqui.
Crimes e medidas judiciais
O contador responderá pelos crimes de associação criminosa, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e crime contra as relações de consumo.
Também foram cumpridos sete mandados de quebra de dados telemáticos, dois de suspensão de perfis em redes sociais, três de suspensão de sites e três de suspensão de atividades econômicas. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias de Cuiabá.
Origem da investigação
As investigações começaram após a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) receber um alerta da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) sobre a criação de diversas empresas no mesmo endereço em Cuiabá por um único contador.
Conforme a polícia, entre 2020 e 2024, o investigado abriu 310 empresas, das quais 182 já estavam baixadas ou suspensas. No endereço apontado, os agentes encontraram uma sala comercial sem identificação, que funcionava como sede para as empresas ativas.
A Polícia Civil informou que as investigações continuam em andamento para identificar outros envolvidos e rastrear o destino dos valores movimentados.