- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O vereador Daniel Monteiro (Republicanos) atribuiu o aumento da violência dentro das escolas a um “processo de adoecimento social” e à omissão do Estado. Segundo ele, a falta de atenção com crianças e adolescentes e a ausência de políticas contínuas de educação, cultura e prevenção têm permitido que facções criminosas ocupem espaços deixados pelo poder público, oferecendo apoio e proteção a jovens vulneráveis.
Monteiro avalia que, se nada for feito, o cenário tende a se agravar. Para o parlamentar, o país se aproxima de um ponto crítico. “Ou prende 90% da população ou investe em políticas públicas para que ela não seja recrutada pelo crime”, disse nesta terça-feira (18).
A avaliação do vereador ocorre após um novo episódio de violência escolar em Rondonópolis, onde dois estudantes foram esfaqueados por um colega dentro de uma escola estadual. O agressor entrou com um canivete fornecido por um comparsa e alegou sofrer bullying. O caso não é isolado: meses antes, um vídeo mostrou uma agressão coletiva contra um menor, praticada por estudantes que diziam integrar uma facção.
Monteiro cita ações de grupos criminosos em bairros periféricos, afirmando que eles ocupam funções que deveriam ser do Estado. “Eles distribuem brinquedos, picolés, fazem projetos esportivos. Estão entrando onde o poder público não chega”, observou. Ele também relembrou o período em que viveu em Campinas (SP), dizendo que o controle sobre horários e regras em algumas regiões não partia do Estado, mas do crime organizado.
Para o vereador, a violência atual é fruto de décadas de desigualdade, abandono e falta de perspectivas em várias regiões do país, incluindo Mato Grosso. Ele defende que medidas imediatas de repressão são necessárias, mas insuficientes sem uma reestruturação das políticas sociais. “É o criminoso que precisa ter medo do Estado, não o contrário”, disse.
Monteiro ainda citou o Rio de Janeiro como exemplo extremo da expansão das facções, com áreas onde a entrada de pessoas de fora é proibida. Ele reforçou que o país precisa decidir entre endurecer drasticamente o sistema penal ou investir de forma consistente em cultura, esporte e educação para impedir que jovens sejam recrutados pelo crime.