- CUIABÁ
- DOMINGO, 6 , JULHO 2025
Após intensas negociações que se estenderam por toda a madrugada, os países do Brics chegaram a um consenso sobre os termos da declaração final da cúpula do grupo, marcada para este domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A informação foi apurada pelo diretor, Daniel Rittner.
O principal ponto de divergência envolveu a delegação iraniana, um dos seis novos membros incorporados ao Brics em 2023. O Irã pressionava por uma linguagem mais contundente na condenação aos ataques militares realizados por Israel e pelos Estados Unidos contra alvos em seu território, incluindo instalações nucleares. A delegação iraniana considerava insuficiente a nota conjunta divulgada pelo grupo há duas semanas, que expressava apenas “profunda preocupação” com a violação do direito internacional.
Outro tema sensível nas negociações foi a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Brasil, Índia e África do Sul, que defendem a ampliação do órgão e pleiteiam assentos permanentes, enfrentaram resistência de Egito e Etiópia — novos membros africanos do bloco — que temiam ser excluídos em uma eventual reformulação. Apesar das divergências iniciais, os países conseguiram chegar a um consenso em apoio à reforma do Conselho.
Também houve debates em torno da linguagem a ser usada na condenação de medidas unilaterais e práticas de protecionismo comercial. Países como o Brasil defendiam uma postura mais firme, enquanto China e Índia, que mantêm negociações comerciais estratégicas com os Estados Unidos, optaram por uma abordagem mais cautelosa. Ao final, os negociadores encontraram um meio-termo que permitiu o avanço do texto.
O desfecho positivo das negociações reforça a capacidade do Brics de buscar consensos em meio à diversidade de interesses e à recente ampliação do grupo. A declaração final, que será submetida aos líderes neste domingo, deve refletir um equilíbrio entre as diferentes posições, reafirmando a relevância do bloco no cenário geopolítico internacional.