- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


“Crueldade não é doença, é escolha”. Com essa frase, a biomédica Caroline Fernandes, 24, reagiu ao laudo da Politec-MT que aponta que Daniel Bennemann Frasson, acusado de matar a esposa Gleici Keli Geraldo de Souza, 42, pode ser inimputável devido a um suposto quadro depressivo.
Caroline, que agora é responsável pela irmã de 7 anos, criticou a conclusão pericial e afirmou que o acusado não pode usar transtornos mentais como justificativa para o crime. Ela divulgou uma série de textos em que contesta a tese de incapacidade e questiona como alguém que levava uma vida funcional poderia ser considerado “mentalmente insano”.
Para ela, o comportamento de Daniel antes e depois do assassinato demonstra lucidez. Caroline cita que o padrasto trabalhava, dirigia, mantinha negócios e realizava tarefas cotidianas, além de agir de forma racional logo após o ataque. “Como alguém incapaz abraça a própria filha pedindo desculpas, manda mensagem ao irmão e escolhe ficar em silêncio no depoimento?”, questionou.
A biomédica também ironizou as justificativas apresentadas pela defesa e negou que o caso possa ser tratado como surto. “Depressão não transforma ninguém em assassino. Maldade, egoísmo, inveja. Não são doenças. São escolhas”, afirmou.
O crime ocorreu em junho, em Lucas do Rio Verde. Gleici foi morta com 16 facadas enquanto dormia, e a filha do casal também foi atingida. A menina passou 22 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo Caroline, a criança vive com medo, toma medicação controlada e precisou reaprender a andar e comer.
Após o ataque, Daniel tentou tirar a própria vida e hoje está preso preventivamente no Centro de Ressocialização de Sorriso, onde recebe medicação. O laudo psicológico aponta que ele não teria plena capacidade de entender o caráter ilícito do ato, o que pode levá-lo a uma medida de segurança em vez de julgamento pelo Tribunal do Júri.
Com a perícia concluída, o processo segue agora para a fase de instrução, quando o Judiciário decidirá se o réu será julgado normalmente ou tratado como inimputável. Caroline afirma que continuará lutando para que o caso não termine em impunidade. “O mínimo que minha mãe e minha irmã merecem é justiça. Isso não acabou.”