- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 24 , ABRIL 2025
A proposta apresentada pelo vereador Rafael Ranalli (PL), que visa proibir o uso de verbas públicas para financiar o Carnaval, tem gerado discussões acaloradas na Câmara Municipal. O projeto está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e o vereador Daniel Monteiro (Republicanos) já declarou seu posicionamento contrário à iniciativa.
“Vou votar contra duas vezes. Vou votar contra do ponto de vista técnico, que é o jurídico, e também contra do ponto de vista da matéria. Moralmente, acredito que o poder público tem o dever, e não apenas a possibilidade, de fomentar atividades como o Carnaval”, afirmou Monteiro, destacando que a festa popular não só tem valor cultural, mas também um impacto positivo na economia local.
O vereador citou o exemplo do Rio de Janeiro, onde o investimento no Sambódromo, idealizado na década de 1980, se mostrou um modelo de sucesso econômico. “Em 1983, o vice-governador Darcy Ribeiro, mesmo sendo considerado um sonhador, idealizou a construção do Sambódromo. Hoje, vemos os retornos que essa decisão trouxe à cidade. Todo ano, o Carnaval do Rio arrecada o que foi investido na década de 80”, observou Monteiro.
Ele também defendeu a importância do Carnaval para a economia local, utilizando o conceito de “multiplicador fiscal”. “Quando o governo investe ou deixa de arrecadar, esse dinheiro se multiplica em atividades econômicas. Comerciantes de fantasias, vendedores de bebidas e outros negócios aquecem suas vendas durante esse período”, explicou.
Questionado sobre as críticas de que o Carnaval gera custos adicionais para o poder público, especialmente em áreas como saúde e segurança, Monteiro reconheceu que esse é um ponto de vista válido, mas reafirmou sua crença de que os benefícios econômicos superam os custos. “Eu entendo o olhar fiscalista, como o de Ranalli, que se foca na gestão pública. Mas eu adoto uma perspectiva desenvolvimentista, acreditando que o Estado tem um papel fundamental na economia”, disse.
O vereador concluiu ressaltando a importância cultural do Brasil, afirmando: “O Brasil é samba, é futebol e também é Carnaval. O Estado tem um papel necessário, não precisa ser grande ou pequeno, mas precisa ser eficiente.”