segunda-feira, 28 - julho 2025 - 08:06

'É louvável defender um amigo, mas não quando isso afeta a economia', diz Mendes sobre tarifaço


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O governador Mauro Mendes (União) afirmou que “é louvável defender um amigo”, mas criticou o ex-presidente Donald Trump por colocar em risco a economia brasileira ao impor tarifaço de 50% sobre produtos nacionais. A declaração foi dada nas primeiras horas desta segunda-feira (28), durante entrevista ao Jornal da Jovem Pan, ao comentar sobre os impactos da medida que entra em vigor no dia 1º de agosto.

O líder americano usou como justificativa para a medida supostas censuras a redes sociais nos EUA e perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Brasil, além de desequilíbrio comercial.  “Eu acho que é louvável você defender um amigo, porém, quando ele coloca em risco setores da economia brasileira e até mesmo o consumo americano, ele age com certo deslize que vai trazer consequências”, afirmou o governador.

Na avaliação de Mendes, Trump está misturando “política com economia” ao retaliar o Brasil com tarifas como resposta à forma como o governo brasileiro tratou temas sensíveis, como o câmbio e críticas à política americana. O governador ainda sugeriu que o próprio Governo Federal cometeu erros que contribuíram para o conflito comercial.

“O governo brasileiro falou algumas coisas que irritaram o Trump, em relação ao dólar, críticas que saíram daqui, comentários extremamente desnecessários. Isso gerou essa situação. E acredito que dificilmente ele vá recuar. Ele criou o problema. Por mais que achemos que ele esteja errado, ele é o presidente da maior economia do planeta”, afirmou.

Mendes também fez críticas indiretas à forma como o Planalto tratou o assunto, sugerindo que houve despreparo e ironias inapropriadas nos primeiros sinais de atrito com os EUA. “Nós temos que ter capacidade de fazer esse jogo. Não com desdém, não com piadinha, como aconteceu no início”, completou.

Mesmo ainda comentou sobre a ida de uma comitiva de senadores aos Estados Unidos para tentar barrar as tarifas e sugeriu que a missão de negociação deveria ser liderada pelos chefes do Congresso Nacional, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União) e o presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos), já que os demais poderes brasileiros estão sob desconfiança do governo americano.

“O Trump está brigando com o Executivo, com o Judiciário… Quem não está sob a mira dos americanos? O Congresso Nacional. Então, acho que o Congresso deveria assumir essa negociação. Davi Alcolumbre, Hugo Motta, lideranças políticas têm que participar disso”, defendeu.

Impacto em Mato Grosso

De acordo com o governador, a taxação trará impactos diretos para a economia de Mato Grosso, especialmente no setor madeireiro. Empresas que exportam até 70% da produção para os EUA devem ser fortemente afetadas. Ele citou ainda possíveis prejuízos nos setores de etanol, soja, milho e carne, embora este último, segundo ele, tenha margem para redirecionar os produtos para outros mercados.

“Estamos fazendo uma avaliação. O setor de madeira será fortemente impactado. São empresas que exportam 70% da produção, tudo de forma sustentável. O setor da carne é pequeno nos EUA, mas temos alternativas. O complexo soja, milho e etanol vai sofrer algum impacto, que pode ser trabalhado no médio prazo”, concluiu.

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