terça-feira, 9 - dezembro 2025 - 19:59

Em ano de fracasso esportivo, Cuiabá admite prejuízo financeiro


Cristiano Dresch
Cristiano Dresch

O retorno à Série B após quatro temporadas na elite do futebol brasileiro trouxe um impacto esportivo e financeiro significativo ao Cuiabá. Além das eliminações precoces — queda na primeira fase da Copa do Brasil para o Porto Velho, perda do título estadual para o Primavera e apenas um 10º lugar na Série B — o clube já admite que fechará 2025 com prejuízo, ainda não contabilizado oficialmente.

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A diretoria cita a queda de receitas gerais, o desempenho ruim em bilheteria e o aumento dos custos da competição como fatores que pressionaram o caixa. O presidente Cristiano Dresch afirma que a temporada exigirá ajustes profundos.

— Financeiramente foi um ano ruim, de prejuízo, não sabemos o tamanho porque ainda não foi contabilizado — declarou.

Receitas limitadas e impacto da queda
O Cuiabá teve uma receita bem inferior à de anos anteriores na Série A. Em 2025, a arrecadação do clube envolveu:

Direitos de TV da Série B: R$ 4.600.000 (brutos)
Aporte da Liga Forte Futebol (LFF): R$ 3.737.000 + garantia mínima de R$ 2,5 milhões. (ambos com vários descontos)
Placas de publicidade: R$ 3.750.000
Copa do Brasil: R$ 1.378.125 (bruto) pela participação na 1ª fase
Bilheteria da Série B: R$ 649.214 (bruto), com média de 2.378 torcedores na Arena Pantanal
Cobertura de logística da CBF: passagens e hospedagens para os 19 jogos fora de casa
A diretoria optou por não divulgar valores de patrocínios de camisa e ações de marketing.

Prejuízo no Estadual: quadro negativo
A disputa do Campeonato Mato-grossense gerou déficit em todas as partidas disputadas como mandante na Arena Pantanal. Somando as rendas líquidas:

Cuiabá x Mixto: – R$ 8.184,41
Cuiabá x Luverdense: – R$ 20.310,52
Cuiabá x Nova Mutum: – R$ 22.496,07
Cuiabá x Sport Sinop: – R$ 25.991,86
Cuiabá x CEOV (semi): – R$ 25.065,51
Cuiabá x Primavera (final): – R$ 33.005,41
O total representa R$ 135.054,78 negativos apenas no Estadual.

O cenário reforça o alto custo operacional da Arena Pantanal, que historicamente impõe despesas superiores à arrecadação dos clubes locais.

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Série B também registrou prejuízos
Mesmo em partidas de maior apelo, o Cuiabá registrou déficits substanciais como mandante. Nos cinco jogos de maior visibilidade na competição em termo desportivo:

Cuiabá x Goiás: – R$ 66.633,56
Cuiabá x Athletico: – R$ 59.854,34
Cuiabá x Coritiba: – R$ 56.067,46
Cuiabá x Novorizontino: – R$ 54.104,31
Cuiabá x Remo: – R$ 43.664,88
A média de prejuízo nesses jogos foi de R$ 56.464,11.

Segundo apuração do ge, despesas fixas de operação, segurança e arbitragem são os principais responsáveis pelos déficits.

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Diretoria critica modelo financeiro na Série B
Cristiano Dresch fez críticas ao cenário econômico da competição, afirmando que muitos clubes gastam acima da arrecadação real.

— A Série A tem capacidade para pagar os salários que pagam. A Série B é uma bolha, está inflacionada, descontrolada, existe uma bolha financeira que vai explodir a qualquer momento. Estamos nos preparando para não sofrer com isso.

Ele reforça que há distorções salariais no mercado.

— Tem jogador ruim na Série B ganhando 150 mil reais por mês, um monte, um absurdo. Tem jogador no Cuiabá que ganha 3 a 4 mil reais e entrega muito mais que jogador por aí ganhando 200 mil reais.

De acordo com informações do ge, a folha salarial do elenco girava em torno de R$ 2,2 milhões. O presidente também criticou o comportamento de parte dos clubes da divisão.

— Tem clube gastando R$ 120 milhões com receita de R$ 40 milhões, a conta não fecha.
Reestruturação do elenco e possíveis vendas
Dresch voltou a destacar o projeto de formação de atletas, considerado essencial para manter competitividade com orçamento reduzido.

— Para um clube do tamanho do Cuiabá, precisa ter uma formação de atletas forte. O Athletico-PR é nosso espelho de clube. Pensando no futuro, serão colhidos muitos frutos.

O Cuiabá terminou a Série B com elenco de idade média Sub-25, com nomes como Calebe, Denilson, Juan Christian, Victor Barbara, David, Marcelo, Luis Soares, Gabriel Mineiro, Jadson, Nathan Cruz, entre outros.

Cuiabá, Série B, 2025 — Foto: AssCom Dourado
Cuiabá, Série B, 2025 — Foto: AssCom Dourado

O presidente confirmou que o clube deve vender atletas nesta janela, mais por encerramento de ciclos do que por necessidade imediata de caixa. Jogadores como Mateusinho, Denilson, Max e Derik Lacerda podem render valores importantes.

— Não adianta fazer loucura, porque depois quebra, e aí acabou o sonho, ou tem que vender o clube para alguém — disse.



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