- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


A Justiça de Mato Grosso condenou o empresário Flávio Henrique Lucas e sua esposa, a cirurgiã-dentista Mara Kenia Dier Lucas, a 21 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. A sentença foi proferida em fevereiro deste ano, mas ganhou repercussão após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negar, nesta segunda-feira (15), um pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Mara, mantendo sua prisão preventiva. Flávio também segue detido.
Na mesma decisão, o réu Thiago de Oliveira foi condenado a 17 anos e seis meses de prisão. Já John Carlos Lemos da Silva, Tomaz Camilo Vieira Guimarães e Kelvin Diego Minott Egu receberam penas de quatro anos e dez meses cada. O acusado Pedro Benício Rodrigues de Sá foi absolvido.
Em outro processo relacionado ao caso, Thaysa Lucas, irmã de Flávio e empresária, foi condenada em maio deste ano a 18 anos e seis meses de prisão. Atualmente, ela cumpre pena em prisão domiciliar.
As condenações são resultado da Operação Escamotes, deflagrada pela Polícia Federal em maio de 2024, que desarticulou uma rede de tráfico de drogas e armas com atuação em Mato Grosso e outros estados.
Organização criminosa familiar
Segundo o juiz Douglas Bernardes Romão, da 1ª Vara Criminal de Barra do Garças, as investigações telemáticas demonstraram que Flávio e Mara atuavam em conjunto, dividindo tarefas ligadas à logística e financiamento do transporte de drogas.
Durante seu depoimento, Flávio confessou participação no esquema, mas tentou isentar a esposa. A tentativa, porém, foi rejeitada pelo magistrado, que destacou a existência de provas contundentes, como conversas por WhatsApp e chamadas de vídeo em que o casal aparece negociando entorpecentes e acompanhando operações de ocultação e carregamento de veículos.
De acordo com a sentença, Flávio era o “gerente” da organização, responsável por coordenar os transportes, recrutar “mulas” e negociar com fornecedores. Mensagens interceptadas também apontaram sua atuação na negociação de armas, embora ele não tenha sido formalmente acusado por esse crime.
Já Mara foi considerada a articuladora financeira da quadrilha, encarregada de efetuar pagamentos, alugar veículos e custear despesas de transporte, advogados e integrantes do grupo.
No caso de Thaysa Lucas, a condenação ocorreu em processo separado, também julgado pelo juiz Romão. Conforme a sentença, ela atuou como financiadora da organização criminosa entre agosto de 2023 e fevereiro de 2024, injetando recursos para sustentar a estrutura ilegal. O magistrado apontou que Thaysa tinha pleno conhecimento da natureza ilícita das atividades e contribuía ativamente para sua manutenção.