- CUIABÁ
- SEGUNDA-FEIRA, 8 , SETEMBRO 2025
Uma ampla coalizão composta pelos Estados Unidos e seus aliados, incluindo Alemanha, Itália e Japão, acusou três empresas chinesas de envolvimento em atividades hacker. Em um comunicado de 37 páginas, os países apontaram Sichuan Juxinhe Network Technology, Beijing Huanyu Tianqiong Information Technology e Sichuan Zhixin Ruijie Network Technology como responsáveis por fornecer “produtos e serviços cibernéticos aos serviços de inteligência da China”.
A Sichuan Juxinhe, que já foi sancionada pelo Tesouro dos EUA, é vinculada ao grupo hacker conhecido como “Salt Typhoon”, acusado de coletar uma grande quantidade de registros de chamadas telefônicas de americanos, incluindo comunicações de altos funcionários em Washington. Investigadores revelaram que a ação coordenada durou anos e conseguiu se infiltrar em grandes empresas de telecomunicações. As autoridades descreveram o ataque como “irrestrito” e “indiscriminado”.
Em entrevista ao New York Times, Jennifer Ewbank, ex-diretora adjunta de inovação digital da CIA, afirmou que o ataque Salt Typhoon representa um novo capítulo nas capacidades cibernéticas da China, que utiliza técnicas rudimentares para obter segredos comerciais e informações pessoais.
Já Brett Leatherman, principal oficial cibernético do FBI, declarou ao The Wall Street Journal que o Salt Typhoon foi responsável por “uma das violações de espionagem cibernética mais graves já vistas nos Estados Unidos”.
Segundo o jornal, os hackers atacaram mais de 80 países e demonstraram interesse em mais de 600 empresas. Além disso, a Beijing Huanyu Tianqiong e a Sichuan Zhixin Ruijie teriam sido recentemente afetadas por vazamentos de dados até então inexplicáveis.
Tentativas anteriores de contato com a Sichuan Juxinhe não obtiveram sucesso, e a Reuters não conseguiu localizar informações de contato das outras duas empresas.
China nega acusações
O Ministério das Relações Exteriores da China se manifestou contra a divulgação de “informações falsas com motivações políticas”. Pequim afirmou estar profundamente insatisfeita com a iniciativa dos EUA de recrutar outros países para “difamar e incriminar” a China em questões de segurança cibernética.
Embora as autoridades americanas apontem atividades de hackers ligados à China há décadas, as violações atribuídas ao Salt Typhoon se destacam por sua abrangência.
Os Estados Unidos frequentemente responsabilizam entidades chinesas e estrangeiras específicas por espionagem cibernética, muitas vezes em conjunto com membros da aliança de inteligência “Five Eyes” — Austrália, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia.