- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O governo de Mato Grosso colocou suas forças de segurança à disposição do Rio de Janeiro para colaborar em ações de combate ao crime organizado. A informação foi confirmada pelo secretário de Estado de Segurança Pública, César Roveri, que afirmou que a decisão partiu do governador Mauro Mendes (União Brasil).
O apoio foi anunciado após a megaoperação realizada no estado fluminense, que resultou em centenas de mortes e diversas prisões. Segundo Roveri, Mendes entrou em contato com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para manifestar solidariedade e oferecer suporte técnico e operacional.
“O governador Mauro Mendes ligou para o governador do Rio e colocou à disposição nossas forças especiais — o GOI, o CORE, o Bope da Polícia Militar e a Polícia Judiciária Civil. Mato Grosso está pronto para ajudar o Rio de Janeiro ou qualquer outro estado que precisar”, afirmou o secretário.
Ao comentar a operação fluminense, Roveri destacou que a ação foi necessária e cuidadosamente planejada, considerando o alto poder de fogo e a estrutura das facções criminosas.
“O que vimos foi um verdadeiro estado de guerra: drones atacando policiais, fuzis e metralhadoras de uso militar nas mãos de criminosos. Não é simples entrar em uma comunidade e enfrentar esse tipo de situação. Tenho certeza de que a operação foi bem planejada e necessária”, avaliou.
Busca por criminosos de Mato Grosso
Roveri informou ainda que equipes de inteligência de Mato Grosso estão em contato com as autoridades do Rio de Janeiro para verificar se há criminosos mato-grossenses entre os mortos ou presos durante a operação.
“Solicitamos à nossa inteligência esse levantamento e aguardamos o resultado. Queremos saber se há alguém de Mato Grosso envolvido nos confrontos ou detido pelas forças do Rio”, explicou.
Modelo mato-grossense de enfrentamento ao crime
Questionado sobre a possibilidade de operações semelhantes no estado, o secretário ressaltou que Mato Grosso possui um modelo próprio de combate às facções criminosas, baseado na descapitalização financeira e no controle de fronteiras.
“Atacamos o lado financeiro, que é o que realmente enfraquece as facções. O Gefron vem reforçando o fechamento das fronteiras — uma atribuição que seria do governo federal, mas que Mato Grosso realiza com eficiência. Em dez meses, já apreendemos mais de 19 toneladas de pasta base e cocaína, superando o recorde do ano passado”, afirmou Roveri.
Ele também destacou a criação do Fundo Estadual de Recuperação de Ativos da Polícia Judiciária Civil, aprovado pela Assembleia Legislativa em parceria com o Ministério Público e o governo estadual.
“O dinheiro recuperado das facções é reinvestido na própria segurança pública. É um modelo sustentável e de resultados concretos”, pontuou.
Governador não participará de reunião no Rio
Uma comitiva de governadores de direita se reúne na tarde desta quinta-feira (30) com o governador do Rio de Janeiro para prestar solidariedade e discutir ações conjuntas no combate ao crime organizado, que afeta todo o país. A presença de Mauro Mendes era aguardada, mas ele informou que não poderá participar.
“Não confirmei minha presença nessa reunião. Tenho compromissos hoje e dificilmente sairei de Cuiabá. Já realizamos várias operações em Mato Grosso. Operação não precisa matar. A polícia está bem preparada e equipada, e, quando há confronto, é porque os criminosos atiram primeiro — e a polícia precisa reagir”, declarou Mendes.
A operação no Rio de Janeiro
Deflagrada na madrugada do dia 28 de outubro, a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, entrou para a história como a ação policial mais letal já registrada no estado. Participaram cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, com apoio de helicópteros, drones e veículos blindados.
O objetivo foi desarticular o Comando Vermelho (CV), facção criminosa responsável pelo tráfico de drogas, armas e pelo controle de territórios em comunidades cariocas.
Segundo o governo fluminense, a operação resultou em 119 mortes, entre elas quatro policiais, além de mais de 100 prisões. O intenso confronto transformou bairros inteiros em zonas de guerra, provocando o fechamento de escolas e de diversos serviços públicos.